A caverna
Ali entrou numa caverna, onde passou a noite. E eis que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Que fazes aqui, Elias? (1 Rs 19.9)
A depressão é a pior caverna que existe. Lembro de uma pessoa que amo muito que sofreu de depressão. Não conseguia fazer nada. A vida não fazia sentido. Estava fechada na sua caverna.
Todos nós temos uma caverna onde nos refugiamos. É comum ter um sítio para onde fugir. Elias havia tido uma grande vitória, mas ficou com medo de uma mulher e fugiu. Foi para a caverna e desejou à morte. Esse é um sentimento que toca a todos nós. Eu já desejei a morte. Já achei que tinha vivido o suficiente e que não havia mais nada de interessante. Será que isso não acontece? Em que caverna que estamos nos escondendo?
Há muitas mensagens que podemos tirar deste texto, mas quero meditar apenas em algumas quantas hoje e depois daremos continuidade ao texto.
Quando a tragédia nos alcança a primeira coisa que fazemos é entrar na caverna. Nos refugiamos e pensamos que ali estamos seguros. Nos escondemos do mundo. Algumas vezes procuramos a caverna porque sofremos uma traição. Não esperávamos que aquela pessoa agisse assim em relação a nós, mas ela agiu e nos traiu. Somos tomados de tristeza e nos refugiamos na caverna.
O sentimento de culpa nos conduz à caverna. Pensamos que fracassamos em tudo. Achamos que tudo deu errado. Não há nada de bom que possa fazer. Esse peso nos conduz à caverna. Ali ficamos escondidos e temos a oportunidade de não fazer nada.
A tristeza pode nos levar à caverna. Tristeza que pode ser ocasionada por diversas coisas. Tristeza que nos invade e nos deprime. Rouba-nos as forças e por isso, ficamos ali imobilizados, chocados na caverna.
Estás na caverna? O que te levou à caverna?
Sabe, há esperança. Nem tudo está perdido. Na caverna há oportunidade de ouvir a voz de Deus. É interessante porque quando já todos fugiram, ficamos sós com nossos medos e angustias Deus vem ao nosso encontro e chama-nos pelo próprio nome. Ele não nos vira às costas. Ele conhece as nossas dores.
Deus é um amigo fiel e leal. Ele nos conhece e deseja saber o que está a acontecer connosco. A pergunta: “O que fazes aqui, Elias?”, mostra justamente isso. Do mesmo modo que Deus falou com Elias, Ele está a falar connosco. Ele nos pergunta o que estamos a fazer na caverna. Ele está preocupado com a nossa vida.
Muitas vezes estou na caverna. Muitas vezes me vejo fugindo de tudo e todos. Contudo, não posso fugir de Deus. Ele me encontra nas cavernas mais profundas e escuras. Ele fala comigo. Ele quer saber das minhas angústias. Deus deseja saber o que está acontecendo contigo. Ele conhece-te pelo próprio nome. Ele desejar falar ao teu coração. Sendo assim, aproveita a caverna, não como o momento mais angustiante de desesperador da tua vida, mas como a oportunidade de ouvir Deus a falar ao teu coração, mostrando-te o quanto Ele te ama.
Vamos orar:
Pai querido, a caverna é uma realidade nas nossas vidas. A tristeza toma conta do nosso ser. As lágrimas nos consomem. Ficamos angustiados e tristes pelo que nos acontece. Fugimos para a nossa caverna e nos fechamos ali. Fugimos do mundo, mas não conseguimos fugir de Ti. Tu vens ao nosso encontro. Falas connosco. Mostra a tua graça a nós. Por isso Senhor, ajuda-nos para entendermos que a caverna é o momento onde no meio das nossas dores e angústias, a tua graça jorra sobre nós e o teu amor nos enche para que possamos ficar em paz.
Ajuda-nos a ouvir a tua voz quando estivermos na caverna. Esta é a nossa oração.
Amém
Autor: Marcos Amazonas dos Santos