Os números impressionam. A Aids já matou 24 milhões de pessoas. Até o final do ano matará mais 3,1 milhões e infectará outras 5 milhões. São cerca de 14 milhões de crianças órfãs por causa desta doença. Pela primeira vez desde o início da epidemia, a metade dos 42 milhões de contaminados é do sexo feminino (algo terrível já que o HIV é transmitido no parto e na amamentação – além do contato sexual, de transfusões de sangue, e de agulhas compartilhadas infectadas com sangue contaminado).
São notícias que só aumentam o pavor das pessoas num mundo já assolado por tantas outras tragédias, mas que ao mesmo tempo deveria fazer a humanidade refletir sobre seu comportamento moral e ético. A tendência consumista da sociedade moderna, a busca da excitação e satisfação sem barreiras, a liberação sexual, enfim, esta filosofia hedonista que marca o comportamento atual, deixou de ser uma simples bandeira ideológica para se tornar um modo de vida. Um comportamento que, ao se tratar de uma doença como a Aids, afeta não apenas o indivíduo mas uma sociedade toda por ser uma epidemia, difundindo o mal por uma grave falta de responsabilidade. Por isto, quando o problema da Aids é analisado do ponto de vista teológico e cristão, é preciso apontar para a raiz do problema e para soluções que promovam a vida completa (João 10.10).
Quando as campanhas contra a Aids incentivam explicitamente o uso de preservativos na relação sexual, (sabe-se que eles não têm uma proteção 100% segura), percebe-se uma preocupação apenas com a difusão da infecção mas ao mesmo tempo incitando a promiscuidade sexual. Por isto tais campanhas têm parcela de culpa pela própria difusão da Aids e são moralmente irresponsáveis. É como se estivesse dizendo aos motoristas que usam o cinto de segurança que agora podem abusar da velocidade.
Não cabe ao cristão priorizar seu tempo em campanhas morais contra a Aids apontando para aquilo que a Bíblia diz sobre a sexualidade. A abstinência sexual fora do casamento e a fidelidade no matrimônio são leis que Deus normaliza àqueles que fazem parte do corpo de Cristo. Quando o apóstolo orienta: “Por acaso vou pegar uma parte do corpo de Cristo e fazer que ela seja parte do corpo de uma prostituta?… Fujam da imoralidade!” (1 Coríntios 6.15,18), não diz isto para aqueles que faziam da prostituição um culto pagão e aos descrentes em geral. Por isto o Sexto Mandamento com todas suas implicâncias para a sexualidade e o matrimônio nunca conseguirá impedir a imoralidade e nem o avanço das doenças sexualmente transmissíveis (até porque as epidemias são sinais da proximidade do Juízo Final conforme Lucas 21.11). Cabe sim ao cristão, além de honrar o casamento (Hebreus 13.4), anunciar o Evangelho de Cristo Jesus que liberta da escravidão “das paixões e dos prazeres de todos os tipos” (Tito 3.3). Este cristão até poderá contrair a doença da Aids, mas estará entre aqueles que correm um risco insignificante. Aqueles que já contraíram a doença e não têm mais esperanças na medicina, ainda podem ouvir a confortadora voz de Jesus: “a minha graça é suficiente para você, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco” (2 Coríntios 12.9).
Autor: Pr. Marcos Schmidt – marsch@terra.com.br