A maldita fofoca

A pessoa não é aquilo que é mas aquilo que os outros falam dela. Desde o Domingo passado o presidente Lula é um beberrão para o mundo todo. Isto porque um dos jornais mais influentes, The New York Times, insinuou que o nosso presidente tem o vício da bebida alcoólica. Sob o título “Hábito de beber do líder brasileiro torna-se preocupação nacional”, a reportagem inclusive relaciona os problemas políticos de Lula com o seu “apetite pelo álcool”.

Quando se trata de um simples mortal, a difamação tem efeitos menores. Mas se a pessoa difamada é o presidente do país, então todos os brasileiros, inclusive os da oposição, são atingidos. Ainda mais quando hoje qualquer boato faz a bolsa cair, o dólar subir, o risco-país aumentar e o dinheiro do povo sumir. No entanto, reputação não tem nada a ver com dinheiro. Está na Bíblia: “o bom nome vale mais do que muita riqueza; ser estimado é melhor do que prata e ouro” (Provérbios 22.1).

Por isto mesmo o 8º mandamento: “não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Tudo na intenção divina de preservar a boa fama das pessoas numa sociedade onde “a língua é um fogo (…) é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode dominar” (Tiago 3.5,8). Tiago compara o poder destruidor da língua com uma pequena chama que incendeia uma grande floresta num tempo quando não tinha televisão nem Internet. Hoje alguém pode cair na desgraça em questão de minutos através das notícias instantâneas num mundo interligado pelos computadores. Mas a rapidez da fofoca não é coisa moderna. Porque de boca em boca, quase que na mesma velocidade de um e-mail, calúnias e mentiras se espalham no ambiente do trabalho, da escola, da vila, da paróquia, dos parentes, dos amigos. E depois, mesmo comprovando que foi tudo mentira, fica o exemplo do travesseiro de penas, rasgado num dia de vento. Recolher as penas da fofoca é um trabalho quase que impossível.

Para os cristãos que têm uma nova vida em Cristo e que por isto podem dominar a sua língua, cabe sempre lembrar o que diz a Bíblia: “Não digam palavras que façam mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudem os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que aquilo que vocês dizem faça bem aos que ouvem” (Efésios 4.29).

Tem uma historinha pra concluir. Um rapaz veio até o filósofo Sócrates (+ 399 a.C.) com a intenção de contar-lhe uma novidade sobre determinada pessoa. Na verdade era uma fofoca. O sábio olhou para o rapaz e perguntou: “Passou o assunto pelas três peneiras? A primeira é a verdade. Sempre que passar adiante um assunto, deve perguntar: é verdadeiro? A segunda chama-se bondade. Mesmo que seja verdade, deve perguntar: é uma coisa boa? A terceira chamamos de utilidade. O que veio me contar é útil para alguém?” Depois de ouvir tudo isto, o rapaz baixou a cabeça e respondeu envergonhado: “Não, mestre! O que eu tinha para lhe dizer não passa nestas três peneiras”. Então o sábio grego concluiu: “Ora, se não tem certeza se é verdadeiro, não é bom, nem tão pouco útil, porque vamos perder tempo com essa conversa tola? Prefiro não saber e aconselho que esqueça”.

Autor: Pastor Marcos Schmidt

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