“Não teremos medo, ainda que a terra seja abalada, e as montanhas caiam nas profundezas do oceano. Não teremos medo, ainda que os mares se agitem e rujam, e os montes tremam violentamente” (Salmo 46.2-3). Será que o salmista não está exagerando? Não ter medo, mesmo com terremotos e maremotos? Ele diz isto porque não estava lá, no sul da Ásia, quando ondas gigantes mataram dezenas de milhares de pessoas. Será que existe alguém que não tenha medo de um tsunami? Parece que o Salmo 46 está falando destas ondas gigantes, fenômeno provocado por terremotos ou por montanhas caindo nas profundezas do oceano e fazendo os mares ficarem agitados e rugindo.
Escutei comentários de que no Brasil estamos livres de catástrofes iguais a estas. Mas não foi isto que ouvimos há quatro anos – exatamente naquela semana antes do Onze de Setembro. Um alerta de cientistas dizia que uma onda gigante poderia arrasar cidades litorâneas de três continentes. No Brasil, a região Norte seria varrida por esta onda. A ameaça era do vulcão Cumbre Vieja no arquipélago das Canárias. Se ele entrasse em erupção, uma gigantesca montanha deslizaria sobre o mar formando uma onda jamais vista. Os cientistas diziam que nada poderia ser feito além de acompanhar o vulcão e emitir sinais de alerta. Por isto, é estranho agora ouvir de especialistas que estamos livres de tsunamis.
Na verdade, ninguém está livre de nenhum tipo de catástrofes. E elas vêm de surpresa, como aconteceu com milhares de pessoas na Ásia. Algumas estavam tomando na beira da praia, de férias. De repente, ondas do tamanho de um prédio de três andares destruindo tudo e matando gente e mais gente, deixando um rastro de caos e pavor. Quem de nós está preparado para situações terríveis como estas? Existe um pai, uma mãe, preparado para ver o corpo sem vida de seu filho entre os entulhos ou para nunca mais vê-lo, desaparecido nas águas?
Que Deus nos livre neste novo ano (e sempre) de tsunamis. Que Deus livre a sua família, a minha e a de todos, de acidentes nas estradas, de afogamentos, de incêndios, de violência, de qualquer coisa ruim que repentinamente traga angústia e horror. Mas, ninguém de nós está livre disto. Qualquer um, criança, idoso, jovem, pode ser vítima de uma tragédia repentina. Por isto, nada adianta tapar os olhos e ouvidos, ou bater três vezes na madeira. Isto é fugir da realidade. Cuidados podem, sim, ser tomados. Como, por exemplo, obedecer os sinais de trânsito para escapar dos “grupos de risco”. Mas acidentes e tragédias acontecem também com aqueles que tomam todas as precauções. E nestas horas, só existe uma coisa capaz de dar segurança e salvação.
Era disto que estava se referindo o salmista. Porque antes de dizer: “não teremos medo, ainda que os mares se agitem e rujam”, ele confessa: “Deus é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não falta em tempos de aflição”. Só depois disto ele diz: “Por isso não teremos medo…”. Ele está falando mesmo da confiança naquele que “ordenou ao vento e às ondas: fiquem quietos” (Marcos 4.39). Da certeza naquelas pessoas, que segundo a Bíblia, têm o amor de Cristo, um amor que é aperfeiçoado para se ter coragem no último dia, e que é perfeito e afasta o medo (1 João 4.17,18).
Falando sobre os sinais deste dia, Jesus mesmo disse que “todas as nações ficarão desesperadas, com medo do terrível barulho do mar e das ondas. Em todo o mundo muitas pessoas desmaiarão de terror ao pensarem no que vai acontecer” (Lucas 21.25,26). Por isto, antes dos cientistas, a Palavra de Deus deveria ser consultada, a fim de que as pessoas não fossem surpreendidas por “ondas destruidoras”. Porque, enquanto o mundo se prepara para a guerra e gasta bilhões para matar, esquece de ficar pronto para o “mar”, esquece de viver. Afinal, na Bíblia, mar simboliza a própria morte. É por isto que na visão escatológica, João diz: “Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar sumiu” (Apocalipse 21.1).
Por isto, neste novo ano e em todos os outros, que a nossa oração seja aquela que fez Jonas: “Ó Deus Eterno, na minha aflição clamei por socorro, e tu me respondeste … Tu me atiraste no abismo, bem no fundo do mar. As águas me cercavam por todos os lados, e todas as tuas poderosas ondas rolavam sobre mim … Quando senti que estava morrendo, eu me lembrei de ti, ó Deus Eterno, e a minha oração chegou a ti” (Jonas 2.2,3,7).
Autor: Pastor Marcos Schmidt – marsch@terra.com.br