Vovó deu a Zeca uma velha bolsa de níqueis que só servia para brincar.
Ao recebê-la, ele teve uma infeliz idéia e chamando o amigo disse-lhe:
– Veja, que coisa legal! Poderemos enganar muita gente no dia primeiro de abril.
Deixaremos a bolsa na calçada, presa a um fio invisível, e nos esconderemos no jardim.
Quando alguém tentar pegá-la, zás – damos um puxão e a pessoa ficará desapontada. Não acha que será divertido?
– A idéia parece boa; mas será mesmo divertido enganar os outros?
– Claro que será, garoto. Você verá!
No dia aprazado, enquanto prendia o fio de náilon na bolsa, ficou pensando na preocupação do amigo e bem lá no fundo do seu coraçãozinho parecia sentir que alguém o reprovava.
Ora, é só uma brincadeira. Não vou machucar e nem prejudicar ninguém com isso, desculpava-se Zeca para si próprio.
Sem perda de tempo, chamou o vizinho e os dois procuraram executar o plano estabelecido. Colocaram a bolsa na calçada e se esconderam atrás dos arbustos do jardim, à espera de alguém.
Sem muita demora, eis que vem passando um garotinho de seis anos aproximadamente. Ao avistar a bolsa caída sobre a calçada, correu todo animado para pegá-la.
Quando já estava quase alcançando-a, lá do jardim os dois meninos puxaram a bolsa rapidamente, gritando: É primeiro de abril…
O garotinho, desapontado e com os olhos marejados de lágrimas, saiu correndo e, sem olhar para trás, começou logo a chorar.
Recolocaram a bolsa na calçada e logo começaram a ouvir um forte toc… toc… toc… Era o velho senhor Justino que vinha caminhando, apoiado na sua bengala.
Ao ver a bolsa, foi abaixando-se com muita dificuldade, a fim de apanhá-la, e quando já estava quase encostando a mão nela, zás!!!
– Primeiro de abril… Primeiro de abril… – gritaram triunfantes os meninos.
– Ora, crianças, que falta de respeito! – resmungou o pobre velho, que lenta e pacientemente continuou a sua caminhada.
Em seguida, passou um senhor muito apressado e nem notou a presença da bolsa na calçada. Depois vieram duas meninas.
Pararam, olharam, cochicharam e saíram rindo, desconfiadas, sem tocar na referida bolsa.
Os dois meninos estavam sendo logrados e isto não lhes fez bem.
Imaginavam enganar a todos; mas, de repente, redobraram a euforia ao ouvirem passos que se aproximavam.
Dessa vez gritariam bem alto para descontar os logros tidos anteriormente.
Uma silhueta de mulher tenta abaixar-se para apanhar a bolsa, quando deram o tradicional puxão, gritando: “Primeiro de abril… primeiro de a…” e não chegaram ao fim da frase porque uma voz bondosa falou:
– Que brincadeira de mau gosto, meu filho. Com minhas pernas inchadas… e você me prega essa peça? Qual é a graça? E onde fica o respeito? Isso é justo? É correto? Lembre-se: “Os enganadores vão de mal a pior,enganando e sendo enganados.”
Toque no Altar – “Deus do Impossível” | Letra e vídeo
Quando tudo diz que não Sua voz me encoraja a prosseguir Quando tudo diz que não Ou parece que o mar não vai se abrir