Caminho de Bezerro

Dizem que o costume de ir à praia é um modismo que surgiu no século 18. O rei George III, da Inglaterra, passou a fazer do banho no mar uma atividade saudável, e conforme historiadores, só depois disto o interesse das pessoas pela praia cresceu. Um sociólogo americano, observando este comportamento que hoje faz parte das férias da maioria das pessoas, descreveu as milhares de viagens feitas todo verão rumo ao mar como a representação de “um grande modelo migratório de mamíferos”. Pensando bem, não deixa de ser engraçado este comportamento de “manada”. E até meio ridículo. Sim, porque se viesse um extraterrestre e nos enxergasse exprimidos na beira do mar, sob um sol escaldante, deitados na areia torrando a pele salgada igual ao charque, este ser de outro planeta certamente ficaria bastante intrigado.

Mas nada contra a “praia”, pois ela ainda tem coisas saudáveis – a deserta, é evidente. Agora, ridículo é o comportamento “voyeur” – este interesse em observar a intimidade dos outros. Estou me referindo ao campeão de audiência Big Brother. O que leva milhões de expectadores ficarem na frente da televisão, vendo pessoas monitoradas por 42 câmeras e 68 microfones? Não seria mais “normal” as pessoas em casa, livres e sem o olho do “grande irmão”, conversar e se olhar entre si, ou mesmo fazer qualquer outra coisa interessante? Se existe vontade de observar, então ir ao Zoológico e ver os bichos? Lá ao menos estão encarcerados seres irracionais sem esnobismo e a ganância por R$ 1 milhão?

Agora, se existe um comportamento de “manada”, extremamente nocivo, é o religioso. Quantos já entraram numa tremenda “fria”, seguindo o modismo de um grupo fanático e com cérebro lavado? Analisando bem a fundo, não tem diferença pessoas presas numa casa reality show, expondo-se ao ridículo para ganhar uma bolada de dinheiro, e pessoas presas numa igreja reality show, obcecadas com a ladainha do pregador que promete mundos e fundos. Aliás, tem diferença sim – no Big Brother Brasil a promessa é cumprida e um dos participantes vai realmente ser “próspero”.

Este comportamento lembra a estória do bezerro que precisou atravessar uma floresta virgem. Por ser um animal irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subindo e descendo colinas. No dia seguinte, um cão que passava por ali usou esta trilha para atravessar a floresta. Depois foi a vez de um carneiro, líder de um rebanho, que fez seus companheiros seguirem pela trilha sinuosa. Mais tarde, os homens começaram a usar este caminho: entravam e saiam, viravam à esquerda e à direita, abaixando-se, desviando-se de obstáculos, reclamando e praguejando do difícil trajeto. O caminho acabou virando uma estradinha onde as pessoas percorreriam em três horas uma distância que poderia ser vencida em uma. Muitos anos se passaram. A estradinha tornou-se o principal acesso de um vilarejo, que depois se tornou uma grande cidade e parte deste trajeto do bezerro se transformou numa grande avenida do centro nervoso da grande metrópole. E por ela passaram a transitar diariamente milhares de pessoas, seguindo a antiga trilha do bezerro.

Por tudo isto já recomendava o apóstolo: “Portanto, em nome do Senhor eu digo e insisto no seguinte: não vivam mais como os pagãos…Não foi essa a maneira de viver que vocês aprenderam como seguidores de Cristo… Não vivam como ignorantes, mas como sábios. Aproveitem bem o tempo porque os dias em que vivemos são maus. Não ajam como pessoas sem juízo, mas procurem entender o que o Senhor quer que vocês façam” (Efésios 4.17,20 e 5.15-17).

Autor: Pastor Marcos Schmidt (marsch@terra.com.br)

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