“O propósito da congregação presente no culto pode ser claramente articulado ou muito mal formulado; pode fundamentar-se numa tradição histórica específica ou conscientemente independente de qualquer tradição. Pode extrair seus elementos de ensinos bíblicos ou revelar uma profunda ignorância dos preceitos sagrados. Em todos esses casos a forma do culto será determinada mais por seu propósito do que por qualquer outro fator” Paul Basden.
Quantas vezes você já se encontrou dentro de uma igreja, no culto de domingo, e se fez a célebre pergunta:
O que estou fazendo aqui?
“Batei palmas, todos os povos; aclamai a Deus com voz de júbilo. Porque o Senhor Altíssimo é tremendo; é grande Rei sobre toda a terra”. SALMOS 47:1,2
“Falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Efesios 5:19,20.
“Por ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” Hebreus 13:15.
Creio realmente que o propósito primário de um culto seja o de oferecer louvor e render graças a Deus, por quem ele é e pelo que ele tem feito (adoração), reafirmando nosso amor e compromisso com Ele (dedicação).
Este é um assunto delicado, em algumas igrejas chega até ser proibido imaginar “mexer” com a forma de culto adotado. Normalmente este estilo esta sendo aplicado a mais tempo do que a idade da grande maioria de seus membros.
Mas se o propósito de um culto é o de adorar a Deus, então porquê nossas igrejas tem se transformaram em grandes “auditórios”, cujos membros vão e assistem a um culto pré-moldado?
Por quê a visão de música é para os músicos desenvolverem e não os pastores.
Sally Morgenthaler diz: “Com exceção do Espírito Santo, a música é o elemento mais poderoso do culto. Ela tem uma capacidade incrível de abrir o coração humano para Deus, tendo acesso mais rápido e mais profundo à alma, sendo mais permanente que qualquer outra forma de arte ou oratória humana, sim, isso inclui o sermão”.
O problema, é que muitos pastores não confiam em seus músicos e dirigentes, portanto têm medo de deixar a direção do culto em suas mãos. Por não confiarem na música de sua igreja, fazem aquilo que sabem: Pregar.
Não posso deixar de dar certo crédito a esses pastores, pois nós músicos e dirigentes temos freqüentemente nos esquecido do que o Kleber Lucas diz com grande propriedade: “Tão importante quanto à vida de nossa musicalidade é a musicalidade de nossa vida. Essa tende sempre a tocar mais alto no coração de Deus e das pessoas a nossa volta”.
Não quero entrar em um campo de discussão diferente daquele que se propões esta matéria, mas não posso deixar de escrever que é mais culpa nossa (músicos), do que destes pastores. Pois estamos tão preocupados em “tocar bem”, que esquecemos de VIVER A MENSAGEM que anunciamos em nossas canções. Então nossas igrejas estão repletas de “alunos” a espera da palavra, pois infelizmente é apenas nesta hora que vêem Deus falando com eles.
Se perguntarmos para nossos membros, a grande maioria ira dizer que a palavra (mensagem) é o momento culminante de um culto. Hoje os cultos modernos são divididos em: Ap. & Dp. (Antes Pregação & Depois Pregação)
Transformamos adoradores em meros espectadores. Pessoas vão assistir a um culto, nunca para oferecer culto a Deus.
Creio que já estamos cansados de ler alguns versículos em estudos sobre Louvor & Adoração, mas apesar disto, estes textos têm sido mais desprezados do que se imagina.
Todos nos lembramos da conversa que Jesus teve com a mulher samaritana (João 4). Lá Cristo diz sobre “Espírito & Verdade”, não sou especialista em Teologia. Mas sempre ouço ou leio, alguém falando sobre este texto, que creio que deva ser usado num contexto de Ministério juntamente com este outro:
“Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade”.
I João 5:5 a 7.
Muitos crêem que a verdade dita por Jesus à mulher samaritana, não passa de uma alusão à qualidade humana, afinal o texto diz: espírito e verdade; não sei na sua bíblia, mas na minha, a palavra espírito realmente está com letra minúscula, então, esta falando sobre nós homens. Mas, se lermos este texto juntamente com I João 5, entendemos que a verdade nada mais é do que testemunho do Espírito. Se quisermos ter a verdade em nossos ministérios temos que procurar primeiramente o Espírito, aí teremos a verdade.
Dentro do contexto de culto a aplicação é idêntica, primeiramente se deve buscar o Espírito, através Dele teremos a verdade em nossas vidas, mediante seu testemunho e pela sua adoração.
“Pois assim diz o Senhor: Cantai sobre Jacó com alegria, e exultai por causa da principal das nações; proclamai, cantai louvores, e dizei: Salva, Senhor, o teu povo, o resto de Israel” Jeremias 31:7.
“E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos. Quem não te temerá, Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo; por isso todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” Apocalipse 15:3,4.
O que mais me impressiona nestes textos são as formas apresentadas de adoração, quando o povo se encontrava na presença de Deus.
Em Jeremias lemos Deus conclamando todos a cantar louvores, enquanto pedissem o livramento. Já em Apocalipse João registra a visão dos salvos nos céus cantando hinos de louvores a Deus.
Note que em Jeremias, Deus declara que o povo deve cantar com alegria, pedindo seu livramento; Deus não mandou fazer uma campanha sobre “formulas de fuga”, nem mandou que o povo fizesse uma “greve”, muito menos, disse para tentar convencer seus opressores sobre a importância de Israel ser livre, afinal havia homens com grande poder de oratória. Apesar dos esforços, Deus mandou apenas que todos O adorassem com alegria (Cantai sobre Jacó com alegria).
Já em Apocalipse, temos um dos quadros mais lindos da bíblia, temos a besta (monstro cujo nome é representado por números, VLH), derrotada por um grupo de adoradores que tocavam as Harpas que Deus lhes tinha dado. Depois de serem vitoriosos eles não sentaram para meditar nos erros daquela batalha, nem fizeram um relatório de “perdas e danos”. A Bíblia diz que eles cantavam (E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus).
Temos nestes dois versículos as duas maiores “forças” que levam a grande maioria das pessoas as nossas igrejas todas as semanas; Livramento e Gratidão.
Vivemos num mundo cuja lei é trabalho e dinheiro, as pessoas estão esgotadas com suas vidas, e procuram os cultos para terem livramentos financeiros, emocionais e espirituais. Creio que o texto de Jeremias se enquadra perfeitamente a esses casos.
Concordo que a gratidão não é o motivo mais freqüente em nossos cultos. Mas muitas pessoas realmente vão aos cultos simplesmente para poderem agradecer por seus empregos, família, etc. E esperam ter uma experiência com Deus que lhes de força para toda a semana que se inicia. Creio que o texto de Apocalipse se enquadra perfeitamente.
Então por que raios nossas igrejas da tão pouco apoio a música?
Porquê como já disse, a culpa é nossa (músicos e ministros), temos ficado tão preocupados com o que o irmãozinho do teclado disse ou o erro do baterista, que esquecemos da nossa única função dentro do culto: levar a adoração das pessoas até Deus, e trazer a presença doce do Espírito até as pessoas. Esta tarefa é de nossa responsabilidade, mas se não a fizermos, então Ele faz por outros meios.
Principalmente através das pregações.
“A música é uma força muito poderosa. Possui um modo de quebrar barreiras. Muitas vezes, quando um pregador ou um livro não consegue, a música consegue. Mas muitos artistas estão usando esta ferramenta poderosa com letras horríveis e negativas, e estas letras estão penetrando nos corações dos ouvintes e moldando seus valores… Por que não podemos tomar esta mesma força – música – colocar letras positivas e começar a moldar valores com ela?” Sandy Patti.
Há um tempo atrás recebi esta pergunta de um membro de minha igreja: Você não acredita realmente que a igreja é só Louvor & Adoração, não é?
Creio que Judson Cornwall é mais qualificado para responder:
“Contudo é importante ressaltar que desde a concepção de Cristo até a sua crucificação o fator que levou homens a prostar-se humildemente diante dele e a adorá-lo não foi à mera visão de Jesus – foi uma revelação sobrenatural. A adoração é sempre uma reação espontânea a uma revelação, nunca à mera visão”.
Nós (ministros) temos também a obrigação de trazer ao povo a revelação que Deus quer dar naquele dia. Creio com todas minhas forças, que a música é um dos “meios” mais utilizados por Deus.
Alguns ministros de louvor têm se preocupado demais em trazer a congregação, uma experiência emocional, ou apenas preparar caminho para mensagem. Deixando assim todo o “trabalho” para seu pastor.
Talvez você esteja querendo me apedrejar, por não concordar com isto. Mas por favor, antes de parar de ler, veja quais são os “ambientes” necessários dentro de um culto. E a utilização da música nestes.
1º… Ensinar a verdade. Oséias 4:6
Em Salmos 1, 119 e 127. Encontramos uma série de ensinos sobre quando, onde e como devemos viver a verdade de Deus.
2º… Orarmos a Deus. 1 Pedro 4:7
Em Salmos 3, 6, 38, 131 e 137 e em muitos outros, encontramos orações dirigidas a Deus, através de canções (Salmos).
3º… Confessar Pecados. 1 João 1:9
“Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que se regozijem os ossos que esmagaste. Esconde o teu rosto dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniqüidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito estável” Salmos 51:8, 9, 10.
4º… Música. Efesios 5:19
Salmos 8, 18, 116 e 138.
Todos esses ambientes devem fazer parte do culto de Louvor & Adoração.
Você conhece àquele que deve adorar (verdade), depois dialoga com ele (orar), então automaticamente vai reconhecer seus erros (confessar pecados), aí com o perdão em mãos, vai cantar e salmodiar ao Senhor com seu coração (música).
“Parece que o adorador – seja qual for sua idade – sente-se seguro e bem à vontade entre os que habitam nos montes do louvor. É que os adoradores, em geral, Têm uma atitude menos legalista em sua forma de relacionar-se com Deus. Já aprenderam que este relacionamento transcende os regulamentos impostos pela religião, e se recusam a aceitar qualquer tipo de interferência nele. Os habitantes de Hebrom (cidade de refúgio, cujo nome significa Aliança, fica no território de Judá – aqueles que Louvam) acham-se sujeitos a mais restrições do que os que se submetem a leis rígidas. Mas seu relacionamento com Deus é tão pontilhado de alegrias que nem se dão conta das limitações impostas pelo amor. Os adoradores – como uma mulher que é feliz no casamento e ama tanto sua família que nem se lembra da liberdade que perdeu ao casar-se – não se preocupam com o preço que pagam. Eles se regozijam com os privilégios que têm” Judson Cornwall.
Tanto a palavra como a música têm sua importância dentro de um culto, a mensagem traz a mente à verdade e o conhecimento sobre aquele que devemos honra, gloria e louvor. Mas é a música (dentro de um contexto de adoração) que abre nosso coração para estas verdades, e nos ajuda a dar honra, gloria e louvor. Ambas juntas trazem de Deus, a revelação que tanto buscamos.
A mensagem e o Louvor têm que andar juntos, auxiliando um ao outro. Mas em muitas igrejas a palavra tem tanto destaque, que se chega ao extremo de diminuir o tempo da música, porquê se tem um pastor convidado ou o próprio pastor da igreja preparou uma mensagem longa. Então se opta pelo que acreditam ser mais importante: a “mensagem”.
Transformando todos que estão presentes em meros espectadores, retirando deles a oportunidade de adorar.
“Bom é render graças ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo”.
Salmos 92:1.
“Bendirei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca”
Salmos 34:1
Até parece brincadeira, mas a verdade é que a bíblia nos revela ter havido um dia em que o Senhor Deus resolveu se comunicar com seu povo através de um cântico de sua autoria: “Escreverei para vós outros este cântico, e ensinai-o aos filhos de Israel; ponde-o na sua boca, para que este cântico me seja por testemunha contra os filhos de Israel” Deuteronômio 31:19.
Deus sabe da influencia que a música tem sobre as pessoas, então para que o povo de Israel nunca esquecesse das leis, simplesmente escreveu uma canção.
Em Deuteronômio 31, temos toda a orientação necessária para a música de um culto: Moisés escreveu esta lei, e a entregou aos sacerdotes, filhos de Levi (Vs 9).
Os Levitas eram responsáveis por todas as funções sacerdotais, da música a guarda da lei.
Sempre que alguém quisesse saber sobre algum aspecto da lei, teria que procurar um sacerdote (levita).
O ministério de Louvor & Adoração, hoje deveria ser o grupo de pessoas que mais conhecessem a “lei do Senhor”, para poder trazer ao povo canções condizentes com a “doutrina” da palavra de Deus.
Seus filhos que não a souberem ouçam, aprendam a temer ao Senhor vosso Deus (Vs 13).
A responsabilidade do ensino não era exclusiva de Moisés, os levitas auxiliavam nesta tarefa.
Hoje nossos “ministérios” não querem, ou não podem, auxiliar o pastor da igreja nesta tarefa. Estamos envolvidos demais em discussões ou ensaios, para desenvolver esta qualidade.
Ponde-o na sua boca, para que este cântico me sirva por testemunha (Vs 19).
A música era mais uma das funções dos levitas, note, mais uma, não a única.
Vamos entender algo aqui, para se escrever um cântico é preciso vários fatores, e qualidade musical é um deles. A qualidade musical é necessária para o bom andamento de um grupo de música, principalmente a “serviço do reino”. É bom notarmos que apenas os mestres eram separados para o serviço tanto no tabernáculo quanto no templo (1 Crônicas 25:7).
A partir do momento que buscamos o Espírito, e se conhece aquele para o qual rendemos graça, automaticamente somos impelidos a melhorar nossa qualidade.
Lembro de uma velha missionária que conheci, ela certa vez me disse algo que me deixou maravilhado: “A conversão é um ato, mas a santificação é um processo”. Não sei se essa frase é dela, sei que quando ela me disse isto, me marcou de tal forma que não posso deixar de pensar que a música de uma igreja cresce na medida que ela é exigida, tanto em qualidade como em unção. Literalmente o crescimento musical é um processo.
Qualidade musical se adquire numa boa escola, e/ou com um pouco de força de vontade, mas caráter cristão demora um pouco mais para se moldar, ele sim é essencial para um Ministério de Música.
Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca do pacto do Senhor vosso Deus (Vs 26).
A música que tocamos e cantamos deve estar de acordo com o “Livro da Lei”.
Hoje muitos de nós conhecemos a história de grandes homens como Ron Kenoly, Don Moen, Tommy Walker, etc. Mas quase não conhecemos histórias como a de Davi, Abraão e até mesmo muitos aspectos a vida do próprio Senhor Jesus.
Não estou falando que não devemos conhecer as pessoas que Deus têm usado nos dias de hoje, mas temos que ter na bíblia nosso “manual” de fé. E nossas canções devem estar em harmonia com ela.
Congregai perante mim todos os anciãos das vossas tribos, e vossos oficiais, para que eu fale estas palavras aos seus ouvidos.
(Vs 28).
A música não pode excluir ninguém do culto prestado a Deus.
Temos que ter em mente que todos os presentes no culto devem adorar. Temos a obrigação de guia-los a um ambiente de adoração, para que possam render graças a Deus.
Normalmente culpamos as pessoas pela falta de compromisso com a adoração local, mas, na maioria das vezes, é mais culpa nossa do que do povo.
Deus neste versículo esta dizendo que falará palavras ao ouvidos dos anciões e oficiais do povo, creio que estas palavras eram “audíveis” aos ouvidos daqueles que estavam ouvindo.
Muitas vezes preparamos um momento de cânticos nos nossos cultos e nos esquecemos de vários fatores importantes, como: Entonação, Ritmo, Etc. E mais freqüentemente de vermos se nossas canções se enquadram na visão de culto proposta, ou se é simplesmente “entendível” as pessoas que queremos levar a adorar. Muitas vezes o povo não responde ao chamado da adoração porquê simplesmente não compreende o quê esta sendo cantado. Temos o costume de falar o “evangeliquês” demais em nossas músicas.
Então Moisés proferiu todas as palavras deste cântico, ouvindo-o toda a assembléia de Israel (Vs 30).
Depois de tudo pronto, cantamos então a canção que Deus esta dando ao seu povo.
Novamente vemos a importância de todos na assembléia ouvir o cântico.
Conhecer Jesus é ama-lo; e amar é adorar a Deus. Judson Cornwall
Que os aspectos de um culto de Louvor & Adoração, possam ser parte de nossos ministérios, e que possamos crescer em maturidade e compromisso, com o Deus da música.
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