Mário Soares é um político hábil. Reconhecido internacionalmente. Suas opiniões fazem eco por todos os lados. Entretanto, nem tudo o que ele diz é correcto. Nem tudo o que escreve é com conhecimento de causa. Ele acertou ao afirmar: “Precisamos de reagir – todos – contra a imoralidade nos negócios, contra a mentira na política, que visa enganar os cidadãos honestos, contra o egoísmo daqueles que se mostram indiferentes à mentira dos outros, daqueles aos quais falta sensibilidade ou que ignoram as catástrofes e as pandemias, como a sida, desde que não lhes toquem a eles ou aos seus familiares.” Pois é, quero reagir contra a insensibilidade e falta de conhecimento de Mário Soares.
Esta declaração surge na sua coluna de opinião da revista VISÃO. No artigo “Mundo cão” (VISÃO nº 576). É estranho ler esta declaração, pois parágrafos antes Soares escreveu: “O mundo, seja qual for o continente para que nos viremos, está a mergulhar numa crise profundíssima. Crise de valores e de moralidade. O choque de civilizações – e de religiões, e entre estas, dignas de todo respeito, e seitas fanatizadas, extremistas, como os evangélicos, «cruzados do apocalipse», como lhe chamam, a que Bush pertence”. Qual é o conhecimento dele para fazer tal declaração?
Quais são as religiões dignas de Respeito? Será que são as consideradas religiões vivas: o Hinduísmo, Jainismo, Budismo, Confucionismo, Taoísmo, Xintoísmo, Zoroastrismo, Judaísmo, Islamismo, Sikismo e Cristianismo. É verdade, se o cristianismo é uma religião digna de respeito, qual ramo do cristianismo deve ser respeitado e qual desprezado? Será que repeitaremos o catolicismo Romano em detrimento do Ortodoxo. Respeitaremos o Luteranismo em detrimento do Calvinismo ou o Anglicanismo? O que é um envangélico para si? Martin Luther King foi pastor evangélico, ele era um fanático extremista? Jimmy Carter é evangélico e sua vida e postura demonstram seu fanatismo e extremismo. O que dizer de Dias Bravo, juiz conselheiro que tanto lutou pela liberdade religiosa em Portugal? Esses e tantos outros evangélicos, são extremistas e fanáticos?
É tempo de reagir. Não podemos nos calar e nos conformar com um argumento tão preconceituoso como o de Mário Soares. Espero que ele tenha a coragem de fazer um estudo sério sobre os evangélicos, para defender ou acusar. Quando não se conhece os assuntos é melhor não falar sobre os mesmos.
Somos cristãos evangélicos que amam ao Senhor Jesus, e tiveram suas vidas transformadas por Deus (2 Co 5.17). Não somos conformistas, nem extremistas. Lutamos pela nossa transformação e pela da sociedade (Rm 12.1-2). Queremos ver a valorização do ser e não a do ter. Defendemos que todos os homens são iguais, coisa que os políticos afirmam, mas não praticam. A igualdade é vista em nossas comunidades. Ensinamos que todos os membros devem cidadãos exemplares. Nosso princípio é o mesmo de Jesus: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21). Defendemos uma igreja livre, num estado livre. Queremos ver cristãos a fazer a diferença na política, mas que não usem da política para benefício de suas igrejas. Queremos políticos íntegros a administrar o país, mas que não tentem interferir na vida da igreja e muito menos denegrir os que pensam diferente deles.
De um cristão evangélico, que reage e age, mas que não é um extremista e nem fanático.
Autor: Pr. Marcos Amazonas dos Santos
