A obsessão do novo presidente eleito em acabar com a fome no Brasil esbarra não somente nas cifras de bilhões de reais. A prática do ditado “onde comem dois comem três” poderia resolver a questão quando os números dizem que são 50 milhões de brasileiros subnutridos, quase um terço do país (no mundo são 800 milhões de pessoas numa situação ainda pior matando 24 mil a cada dia). Uma estatística cruel e extremamente injusta num país e num planeta que produz o suficiente para saciar a fome de todos os seus habitantes. E se revirássemos nosso lixo descobriríamos que “onde comem dois comem quatro”, pois um estudo revela que de todo o lixo gerado no país, 50% são alimentos.
Antes de ser um projeto político, acabar com a fome é o grande desejo do Criador quando a Bíblia diz que o que agrada a Deus é ver a comida sendo repartida com os famintos (Isaías 58.7). Assim percebemos que o problema da fome não é a falta de comida mas a falta de amor, uma carência com origem na desobediência humana que não reconhece que é Deus quem “dá alimento a todos no tempo certo” (Salmo 145.15). Um fato que será determinante no Juízo Final quando o Rei condenará os que estiverem a sua esquerda: “… todas as vezes que vocês deixaram de ajudar a uma destas pessoas mais humildes, de fato foi a mim que deixaram de ajudar” (Mateus 25.45). Uma ausência de amor que desmascara a hipocrisia religiosa pois “se não lhes dão o que eles precisam para viverem, não adianta nada dizer: que Deus os abençoe” (Tiago 2.16). Uma carência que impede o direito à vida eterna pois “quem não crer será condenado” (Marcos 16.16) e “a fé sem ação está morta” (Tiago 2.26)
Não é sem importância que a comida sempre foi comparada com a Palavra de Deus sobretudo quando existe a promessa de que os que estiverem na presença gloriosa de Jesus nunca mais terão fome (Apocalipse 7.16). Jesus chama de “bem aventurados os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele os deixará completamente satisfeitos” (Mateus 5.6). Dirigindo-se aos desventurados e infelizes, Deus indaga: “porque vocês gastam dinheiro com o que não é comida? Por que gastam o seu salário com coisas que não matam a fome?” E apontando para aquilo que mais adiante Jesus sublinharia nas bem-aventuranças, afirma: ” Se ouvirem e fizerem o que eu ordeno, vocês comerão do melhor alimento, terão comidas gostosas” (Isaías 55.2).
A fome, além de ser um dos sinais da proximidade do Juízo Final (Lucas 21.11), desafia cada vez mais os cristãos a praticarem o amor que possuem, até mesmo quando a Bíblia diz que “se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele” (Romanos 12.20). Quem sabe esta obsessão do novo presidente, que incluiu as igrejas no programa Fome Zero, seja a grande oportunidade para os cristãos brasileiros serem o José que livrou o Egito de uma calamidade. Acabar com a fome pode até ser uma utopia, mas é bom lembrar o que disse o apóstolo: “E Deus, que dá a semente para semear e o pão para comer, também dará a vocês todas as sementes que precisam” (2 Coríntios 9.10).
Autor: Pastor Marcos Schmidt – marsch@terra.com.br