O “não” que a Zona Sul do Rio deu à governadora eleita Rosinha Matheus nas urnas se estendeu ao senador eleito Marcelo Crivella (PL), bispo da Igreja Universal. E ecoou pela Barra, pela Tijuca e pelo Méier: nas 31 zonas eleitorais da Zona Sul, da Barra, do Méier e da chamada Grande Tijuca, que inclui Vila Isabel, Artur da Távola (PSDB) teria conquistado um novo mandato, ao lado de Sérgio Cabral Filho (PSDB).
Nas três zonas restantes, que incluem grandes favelas (como Rocinha, Cidade de Deus e Vidigal), e nas urnas do interior do estado falou mais alto o voto dos evangélicos. Em sete dos 12 municípios em que Rosinha teve mais de 80% dos votos, Crivella se elegeria ao lado do bispo Manoel Ferreira (PPB), da Assembléia de Deus, terceiro colocado.
Segundo o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-Rio, o desempenho dos candidatos ao Senado deve ser analisado juntamente com o dos candidatos ao governo do estado. E, no caso do Rio, há que se considerar também a influência do ex-governador Anthony Garotinho:
— A estratégia de Garotinho foi contar com o voto bairrista do Norte Fluminense e com os votos no “irmão Garotinho” dos evangélicos da periferia metropolitana e dos subúrbios. Lá, também influíram as políticas de ação social de seu governo. Crivella se beneficiou dos mesmos votos.
Já a Zona Sul, a Barra e a Grande Tijuca, segundo Jacob, são áreas de maioria católica, que sempre rejeitaram políticas populistas como o chaguismo, o brizolismo e, agora, o garotismo:
— O problema é que, nessas áreas, os votos se diluíram entre diversos candidatos. Faltou um nome que unisse mais este eleitorado. Além disso, Brizola nem fez campanha, e ainda dividiu votos com Lupi (Carlos Lupi). Já o PCdoB, assim como o PT, poderia ter lançado um nome mais conhecido, como o de Jandira Feghalli.
Para o cientista político Antônio Carlos Alkimin, do IBGE, o resultado da eleição para o Senado foi previsível:
— Ninguém invadiu o curral eleitoral de ninguém. Artur da Távola é um intelectual, e a região que abrange Zona Sul, Barra e Tijuca é reduto da classe média intelectualizada. O Crivella puxa votos evangélicos e populares do subúrbio e da Baixada. Sérgio (Sérgio Cabral Filho), por sua vez, tem um perfil híbrido, atraindo eleitores de todo o estado. E a quantidade de votos recebida por Manoel Ferreira no interior tem a ver com a influência de Rosinha e Garotinho.
Fonte:
http://www.agenciaoglobo.com.br/index.asp
Autor: Paula Autran