Era tudo hipocrisia: a conversão, o arrependimento e o puritanismo.
O desemprego e as dívidas, me levaram para aquele templo evangélico, onde fui induzido a criticar minha homossexualidade e atribuir minha crise financeira, a vida liberal que eu tinha, como um assumido militante da causa gay.
Na esperança de receber as dádivas que o pastor prometia em nome de Jesus, preguei a todos que me cercavam e me classifiquei como ex-gay.
Era tudo hipocrisia: a pregação, o contentamento e o fanatismo.
Eu tentava massacrar minha atração pelo pastor e disfarçava, paquerando uma obreira, jovem e inocente.
Numa noite chuvosa, fui dormir mais cedo que o habitual e sonhei com um homem idoso, vestido como uma túnica branca.
Ele me dizia em tom calmo, que o pecado era invenção humana mas se existisse realmente, seria o sinônimo de hipocrisia.
No outro dia, decidi me afastar daquela igreja e me aproximar de Deus.
Os meses foram passando e minha vida se estabilizando no campo material, através de um bom emprego e maior consciência nos gastos pessoais.
Sou um homem estável financeira, emocional e espiritualmente. Meu namorado, que tinha ido trabalhar no exterior antes da minha “conversão”, voltou recentemente. Reatamos o relacionamento e como eu, ele também acredita que se o pecado fosse realidade, seu nome seria hipocrisia, como me disse um velho sábio.
A propósito: o adesivo DEUS É PODER, continua colado no vidro traseiro do meu carro pois nesta verdade, eu acredito.
Escreveu:
Anita Costa Prado
http://www.navedapalavra.com.br/contos/gaydecristo.htm
Autor: katytta@uol.com.br