Enquanto que em países de extrema miséria crianças e jovens morrem aos milhares de fome, doença, violência etc, nos de primeiro mundo estão se matando pela internet. Nove jovens se suicidaram no Japão no último dia 11 de outubro. Acenderam vários braseiros portáteis dentro de veículos fechados e se envenenaram ao respirar o monóxido de carbono da combustão do carvão queimado. Dias antes já tinha acontecido um caso semelhante com outros quatro jovens. Segundo a polícia, os suicidas fizeram um pacto em sites de encontro, para se matarem ‘na companhia de alguém’. Conforme uma matéria, neste país rico é cada vez mais comum o suicídio de jovens, pressionados pela solidão e num ambiente social competitivo, ao qual não conseguem se adaptar. Muitos adolescentes vivem reclusos nos quartos, onde a única diversão é a Internet. Entre janeiro de 2003 e junho de 2004, pelo menos 45 pessoas cometeram suicídio em grupo no Japão após terem se conhecido pela Internet, algo novo num país onde a cada ano ocorre em torno de 35 mil suicídios.
Como conseqüência de distúrbio depressivo, o suicídio está se tornando um grande problema nos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos é a segunda causa de morte entre adolescentes nas escolas. No mundo quase 5 mil jovens de idade compreendida entre os 15 e os 24 anos matam-se todo o ano. Uma taxa de suicídio para esta faixa etária que triplicou desde 1960, tornando-se a terceira causa de morte entre jovens universitários. Por isto, qualquer opinião de um leigo- que é o meu caso – pode ser desastroso. Afinal, depressão é uma doença psíquica, da cabeça, e para isto existem pessoas entendidas e tratamentos apropriados. Neste sentido, a fé cristã precisa estar de mãos dadas com a medicina, reconhecendo como ferramenta divina. Ao contrário de algumas igrejas, que metem o Diabo em tudo, e que, desaconselhando ajuda de médicos e remédios, estão piorando as coisas em vez de ajudar. Para um cristão, a fé sempre será o grande e primeiro remédio para qualquer doença, mas sem descartar as bênçãos da ciência humana.
Há exemplos na Bíblia de grandes homens crentes que sofreram deste mal. “Já chega, ó Deus Eterno”, murmurou Elias, “acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso”(1 Reis 19.4). Sentimentos mórbidos deste tipo estão expostos também na vida de Jó, Davi, Jeremias, Moisés e outros. Assim, pessoas que conhecem e acreditam nas reais promessas bíblicas também são atingidos por esta doença. Só que com uma grande diferença: tendo muito mais vantagens de cura. E os psicanalistas sabem disto. Sobretudo no caso dos adolescentes que, além de viverem num período naturalmente ligado à depressão, enfrentam hoje outros terríveis transtornos da vida moderna. E nesta hora seria interessante fazer uma pesquisa entre a juventude cristã. Certamente isto revelaria dados interessantes à ciência, coisas que ela já está se dando conta e que não são novidades nas páginas da Bíblia.
Falando da depressão juvenil, sabe-se que todo o adolescente tenta firmar valores. E quando hoje está encontrando dificuldades neste propósito, cai ainda mais fundo nos conflitos. Sexo, drogas, violência, rebeldia, e agora suicídio. Tudo conseqüência de uma sociedade onde os coroasjogaram fora o sentido e os valores da vida. Neste período de transformação quando se procura por transparência, verdade, ideais, respostas, a maioria dos jovens não tem referência nem em casa, nem na escola e muito menos no governo. E se a sociedade continuar neste caminho, o mundo será um imenso Japão, cada vez mais moderno mas cada vez mais atrasado. Por isto, coitados dos adolescentes. A única saída será o hikikomori auto definição do grupo na internet que marca encontro para suicídio coletivo.
No meio desta triste realidade, me alegra ver os meus jovens reunidos num Domingo à noite na igreja. Neste último, somados com os de uma outra congregação, eram uns cem numa grande roda, cantando, fazendo bagunça, brincando, ouvindo, questionando. Com os mesmos problemas comuns dos demais adolescentes, e também usando a Internet e marcando programas. No entanto, “na companhia de alguém” marcando programas para a vida. Porque sabem que “até os jovens se cansam, e os moços tropeçam e caem; mas os que confiam no Senhor recebem sempre novas forças” (Isaías 40.30,31).
Autor: Marcos Schmidt – e-mail: marsch@terra.com.br