MÍDIA SEM MÁSCARA, 28 DE JANEIRO DE 2003
De acordo com nova legislação proposta pelo governo inglês, milhares de escolas, programas de caridade e organizações religiosas podem enfrentar processos legais, caso se recusem a admitir ateus ou a demitir empregados que se tornaram satanistas.
Baseadas em uma diretriz da União Européia, as leis, que devem ser implementadas até dezembro deste ano, proíbem a discriminação por religião, crença ou orientação sexual em local de trabalho.
Estudo do Christian Institute afirma, no entanto, que as leis vão restringir a liberdade das organizações religiosas de empregar somente fiéis praticantes.
Grupos cristãos estão particularmente furiosos com a decisão do governo de isentar da aplicação da lei os partidos políticos — o Partido Trabalhista, por exemplo, poderá continuar com a política de empregar só membros do partido.
“Enquanto a Sociedade Vegetariana pode se recusar a empregar pessoas que comem carne e sociedades protetoras dos animais podem demitir um executivo ao descobrir que ele investe na indústria de peles, por exemplo, as igrejas que empregam cristãos podem agora enfrentar ação legal por isso”, declarou o instituto. “Eles podem sofrer ações legais devastadoras, simplesmente por seguirem suas crenças”.
Na nova legislação, todas as organizações religiosas – incluindo escolas, instituições de caridade, paróquias e mesquitas – serão obrigadas a argumentar muito bem para justificar a contratação de funcionários que compartilhem de suas crenças.
Por exemplo, as leis poderiam impedir entidades cristãs de recusar-se a empregar homossexuais ou bissexuais praticantes pelo fato de que o sexo fora do casamento é contrário aos ensinamentos cristãos. Além disso, garantem a proteção dos funcionários existentes. Dessa forma, se um jovem empregado por uma igreja cristã converter-se ao Islamismo, mas argumentar que ainda pode desempenhar suas funções, a igreja está proibida de demiti-lo.
Professores de escolas mantidas por organizações religiosas escapam à lei do ponto de vista da religião ou crença, mas não do ponto de vista da orientação sexual. Contudo, sacristãos, jovens trabalhadores, evangelistas, funcionários pastorais e faxineiros podem ser seriamente afetados.
No estudo, o Instituto afirma que as leis propostas restringem a liberdade religiosa.
Um dos autores, o professor Ian Leigh da Universidade de Durham, advogado especialista em direitos humanos, declarou: “As leis governamentais têm o grave potencial de restringir a liberdade de associação para pessoas religiosas. Elas colocam o conceito moderno de “igualdade” acima da liberdade religiosa”.
Autor: The Daily Telegraph