“(…) Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações” (Tiago 4.8).
Em todo esse universo encontra-se muita gente cheia de bons propósitos e boa vontade em relação ao seu semelhante.
Porém, inúmeras vezes, apesar do desejo sincero de ajudar, essas pessoas têm, de certo modo, até prejudicado, na ânsia de bem servir e de ser útil.
Do ponto de vista espiritual acontece o mesmo: quando nóssas mãos estão contaminadas pelo terrível virus do pecado, todo o bem que fazemos, toda a luta travada em favor do bem-estar espiritual do semelhante é infrutífera porque o pecado, que por vezes permitimos que se aninhe e se acomode em nossos corações, contamina e afasta qualquer possibilidade de êxito na conquista daquela alma.
Uma criança, ainda sem muito equilíbrio em relação à altura, caíra de um muro, abrindo na testa um profundo corte.
Apavorado, o pai a conduziu imediatamente para um pronto-socorro. O médico de plantão, embora já exausto depois de um dia de intensa atividade, atendeu a criança com a melhor boa vontade e atenção. Com toda a presteza, tomou
as providências necessárias e, depois de examinar bem o ferimento, informou ao pai que o garotinho precisaria levar seis pontos, no mínimo, para facilitar a cicatrização. Foi então colocado na mesa de curativos, enquanto o médico se preparava colocando as luvas esterilizadas.
Agora, com todo o cuidado e com a ajuda de pinças, tirou de um estojo metálico um grande pano, em cujo meio havia um grande orifício especialmente feito para aquele fim. Esse pano cobria o rosto da criança, deixando aparecer apenas o ferimento que já havia sido lavado de maneira apropriada e
esterilizado também. Só faltava mesmo o médico começar a dar os pontos e fazer o curativo final.
O pai estava presente para dar segurança ao filho e também porque tinha interesse no trabalho do médico. No momento quando este estendeu o pano esterilizado sobre a criança, ficou uma dobra presa à mesa e o pai pressurosamente a puxou para que todo o pano ficasse bem estendido. Ao ver isso, o médico disse lamentando com certo desânimo:
-Oh, agora já tudo ficou contaminado…
O pai, na boa intenção de ajudar a proteger o filho, usou suas próprias mãos, julgando-as limpas; entretanto, o médico sabia muito bem que as mãos mais bem lavadas ainda trazem micróbios que podem infeccionar qualquer ferimento, por mais leve que possa ser.
Isso nos revela uma grande e extraordinária lição: Se desejamos praticar o amor e demonstrar cuidado pelo destino espiritual do nosso próximo, precisamos, primeiro, buscar a pureza pessoal para que estejamos esterilizados para a prática do bem.
Autor: Paulo Roberto Barbosa