Certa ocasião, um vizinho que lhe devia dinheiro, sem Ter como pagar, decidiu acertar a dívida dando como pagamento um leitão.
“Seria pecado comer carne de porco?”, foi a primeira pergunta que lhe veio à mente. Ela sabia que havia certos crentes que diziam que sim, e outros que não, mas quem teria razão? Assim, resolveu ir consultar o pastor.
E lá se foi pela rua, levando o animal amarrado com uma coleira em volta do pescoço. Que cena! Naturalmente foi alvo de gozações: “Aí titia! Comeu o cachorro e agora tá passeando com o porco!”
Mas ela nem ligava; queria mesmo era tirar sua dúvida.
Chegando à casa do pastor “Arajujo” e expondo a ele a questão, ouviu a seguinte resposta: “Oh, minha amada irmã, o servo de Deus o reverendo, dizia que carne de porco e imunda.”
O servo de Deus a quem o pastor “Araujo” sempre se referia como “o reverendo” era seu falecido pai, fundados daquela igreja, e conhecido como sendo um crente rigoroso na interpretação das Escrituras.
“O que é que eu faço então com esse leitão?”, indagou ela. “A irmã pode deixá-lo no meu quintal, que eu não me incomodo não. Vou até cuidar muito bem dele”, garantiu o pastor.
Alguns dias depois a senhora retornou. Tivera uma idéia. “E se eu vender o porquinho? Recebo de volta o dinheiro que emprestei ao meu vizinho e ainda possa pagar o dízimo”, disse ela.
“O que é isso, minha irmã? Dízimo de coisa imunda?”, censurou logo o pastor. A senhora, então, sentindo-se a mais ignorante das criaturas em relação à Lei de Deus, abaixou a cabeça e voltou para sua casa, com vergonha do pensamento que havia tido.
Sempre que passava pela caso do pastor, via lá seu animal, que crescia a olhos vistos. Tornou-se um belo e suculento porcão. Seria o primeiro porco a morrer de velhice; Acontece que um dia a mulher passou a dar falta do animal – por “coincidência”, logo depois das festas de final de ano. Aonde teria ido parar?
“Pastor!” , gritou a senhora. “O porco fugiu?”, perguntou. “Não, minha amada! A bem da verdade ou o comi”, respondeu ele.
“Mas pastor, o senhor não disse que carne de porco é imunda?”, perguntou a senhora, sem entender o que se passava.
“Não minha amada! Quem dizia isso era o reverendo. Mas, a bem da verdade, nesse aspecto da lei eu e o reverendo nunca chegamos a ficar bem de acordo…”, arrematou ele.
O Senhor Jesus, certa vez, alertou: “Ai de vós também, intérpretes da lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais” (Lucas 11.46).
Que o Senhor nos guarde do fanatismo e da hipocrisia.