Um dos aspectos realmente surpreendente da Reforma do século XVI Foi a unidade dos reformadores quanto ao artigo da justificação pela fé somente. Eles discordavam em muitas coisas, mas nesse ponto eram unânimes
O Lugar da Justificação
John Bugenhagen, amigo de William Tyndale disse: “Temos somente uma doutrina: Cristo é nossa justiça.”
Lutero via justificação em toda a Bíblia. Para ele, era a “proposição de primeira importância”. É a “doutrina cardeal”, “o verdadeiro e principal artigo da doutrina cristã”.
Calvino mantinha a mesma posição. Para ele, justificação “é o primeiro e mais agudo tema de controvérsia” Alguns têm estranhado que, em sua obra As Institutas da Religião Cristã, Calvino haja tratado da regeneração antes da justificação. Mas o propósito disso é destacar a justificação: “…se reconhecermos devidamente esta verdade (regeneração), tornar-se-á muito mais claro como o homem é justificado pela fé somente e pôr nada mais que perdão”.
O Significado da Justificação
Quando examinamos Lutero nesse aspecto, devemos ler seu Comentário Sobre Gálatas, e não seu Comentário Sobre Romanos. (Este comentário não deve ser confundido com seu posterior e famoso “Prefácio à Epístola aos Romanos. Sua conferencias sobre Romanos foram dadas em 1515-1516. A chamada “experiência da torre”; de Lutero, ocorreu, provavelmente, no outono de 1518. Foi esse evento cataclismico que lhe deu a grande compreensão do evangelho da justificação pela fé. O Comentário sobre Gálatas foi primeiramente publicado em 1535.) Nos estudos sobre Romanos Lutero ainda era o católico-evangélico; nos estudos de Gálatas, ele se revela o reformador protestante. Em seu Comentário Sobre Gálatas, Lutero comentou:
Mas a doutrina da justificação é esta: somos pronunciados justos e somos salvos exclusivamente pela fé em Cristo, e sem obras… Segue-se, imediatamente, que não somos pronunciados justos, nem pôr meio de monasticismo nem mediante votos nem mediante missas ou quaisquer outras obras.
Justificação significa ser pronunciado justo. Ademais Lutero disse: “O artigo da justificação, que é nossa única proteção, não só contra todos os poderes e artimanhas dos homens, mas também contra as portas do inferno, é o seguinte: pela fé somente (sola fide) em Cristo, sem as obras, somos declarados justos (pronuntiari iustos) e salvos. Lutero dizia:
[Um cristão] é justo e santo pôr uma santidade alheia e externa – chamo-a assim para efeito de ilustração – ou seja, ele é justo pela misericórdia e graça de Deus. Essa misericórdia e graça não é algo humano; não é alguma sorte de disposição ou qualidade no coração. É uma benção divina, a nós concedida mediante o verdadeiro conhecimento do evangelho, quando sabemos ou cremos que nossos pecados foram perdoados mediante a graça e mérito de Cristo… ler Rom 4:25
Para Lutero, justificação significava ser pronunciado justo com base numa justiça externa ao crente, em Jesus Cristo.
Calvino era de igual pensamento quanto ao significado da justificação. Justificação é o divino pronunciamento de que o pecador penitente é justo pôr causa dos méritos de Jesus Cristo.
Temos que considerar esses dois pontos (1) pronunciar justo (2) com base nos méritos de Cristo.
Ambos esses aspectos eram contrários ao ensino da Igreja de Roma.
A Igreja de Roma ensinava que a justificação quer dizer tornar o crente justo os reformadores ensinavam que a justificação é a declaração feita pôr Deus que o crente é justo com base na justiça de Cristo somente
Graça Somente
Os reformadores defendiam uma “Justificação pela graça somente” Calvino definiu belamente a graça ao dizer: “graça é “Deus pôr sua mera bondade gratuita…tendo prazer em abraçar o pecador”. É “bondade imerecida”, “a misericórdia e voluntário amor do Pai celestial com relação a nós”.
Para Lutero, graça significava sermos aceitos apesar de sermos inaceitáveis.
Cristo Somente
Lutero e Calvino não apenas ressaltavam Cristo somente, em contraste com a ênfase católica romana sobre obras de justiça. Os reformadores também ressaltavam Cristo somente em contraste com todos – fossem católicos ou protestantes. Cristo somente, não o crente.
Fé Somente
Deveria ser agora evidente que quem quer tenha em conta a fé com qualquer mérito e valor em si mesma simplesmente não compreende o ponto de vista dos reformadores quanto à justificação. Para Lutero e Calvino, Fé Somente (sola fide) era uma expressão, não uma qualificação, da graça somente e de Cristo somente. Fé é apenas o instrumento no processo da salvação.
Calvino chamava de um “vazo vazio”. A fé não tem poder intrínseco.
Justificação Pela Fé
Os reformadores reconheceram que fé na justiça de Cristo, no céu, nunca se faz presente sem regeneração e renovação, e que as boas obras seguem-se como conseqüência da fé. Mas a justificação pela fé não é, no todo ou em parte, aquela renovação que se segue a fé. A justificação da fé nunca deve ser confundida com santificação. Não se trata de santificação, não inclui a santificação.
Essa clara distinção entre justificação pela fé e santificação foi o ponto de partida que produziu a reviravolta de Lutero
Em outras palavras a justificação baseava-se no viver e morrer de Cristo era mantida como ponto central da pregação e ensino da Reforma, e a esperança da benção eterna baseava-se firmemente em justificação e não santificação
Problemas do Catolicismo
1 – A Supremacia do Papa – I Pe 5:1
2 – A Tradição – Cl 2:8
3 – A distinção entre pecado mortal e venial – Rm 6:23
4 – Os Sete Sacramentos – Para o cristão existe 2 ordenças
5 – A Penitencia compreendendo a confissão satisfação e absolvição – ou seja o tribunal na terra para o perdão
6 – A Extrema Unção
7 – A Justificação
8 – A Transubstânciação
9 – O Sacríficio da Missa
10 – A Comunhão em uma só espécie – ceia não para todos – Mt 26:27; I Co 11:26
11 – Culto dos Santos e Anjos
12 – O uso da adoração de imagens
13 – O Celibato
14 – Os Livros Apócrifos – Rm 3:2
Sacramentos
Os sacramentos foram instituidos no Concíliao de Florença em 1439. Segundo a Igreja é um sinal exterior instituido como meio da graça – At 8:23; I Co 11:29
Os 7 sacramentos são: Batismo, Ceia, Confirmação, Penitencia, Extrema Unção, Ordem e Matrimonio.
Purgatório
É o lugar de sofruimento onde os que morrem em pecado venial ou os que não pagaram a pena temporal devida pelo pecado expiam a sua culpa antes de serem admitidos no céu. Credo de Pio VI art 6 – Is 46:4; I Pe 2:5; Hb 9:27; Jo 5:24; Rm 8:1, 33, 34; Ef 1:7; 4:32; I Jo 1:7.
Após a morte o cristão vai para o céu – Lc 23:43; I Co 5:1, 8; Fl 1:21-23; Ap 14:13.
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