O Heroi da Vila

Crianças brincavam à sombra de uma figueira e, cansadas, sentaram-se e conversavam sobre coragem em determinadas situações.

– Não tenho medo de nada – falou Clóvis. – Quando crescer quero participar de um safári na África, Não gostaria de fazer o mesmo, Roberto?
– Eu não. Tenho medo de animais selvagens e não sei se poderia vencê-los.
– Ahh!… – exclamou Clóvis, como a dizer: Covarde! E continuou: – Pois apreciaria me ver diante de um leão ou de um grande urso. Liquidava-o…

Refeitos, decidiram seguir para o riacho, a fim de chapinhar na água. Foram. Os lambaris fugiam dos pés a chapinhar de todos os lados. O sol jábaixava, quando o grupo retornava.
Ao atravessar o campo, um ruído diferente fê-los voltar-se para trás. Que horror! Um animal feroz corria para eles, bramindo loucamente.
Roberto tirou a capa vermelha dos ombros de uma garota e gritou para o grupo correr e se proteger além da cerca. Clóvis correu pálido e trêmulo da cabeça aos pés, enquanto Roberto tentava afugentar a fera.
Lançou a capa sobre um arbusto e de um salto mal calculado caiu no precipício, enquanto o animal, enraivecido, pisava a capa furiosamente.

Na queda, Roberto foi parar na beira do riacho, rolando entre pedras e galhos. Ficou sem sentidos, mas a água fria o despertou atordoado.
– Oh!, o meu pé…
Arrastando-se até à beira da estrada, ali tirou o sapato, porque o pé inchara.
– Olá, garoto. O que há com você? Está trêmulo – disse alguém que passava.
– Estou com muita dor… pulei a barroca… machuquei meu pé – disse ele.
Era o fazendeiro que passava. Chamando o motorista, ordenou que levasse o garoto para o hospital, enquanto ele iria avisar os pais.
Os médicos atenderam de imediato. Ficou constatada uma fratura na perna. Quando chegaram seus pais, Roberto já estava acomodado entre alvos lençóis, com a cabeça revestida com ligaduras e dopado pelo anestésico.
Algumas horas se passaram e o menino despertou agítado. Onde estava? Como pesava-lhe o pé! Uma enfermeira entregou-lhe um braçado de flores que lhe foram mandadas pelos amiguinhos.
– Flores para mim? Ora, mas por que razão? – falou Roberto, confuso.
– Porque você é um herói. Salvou a vida dos companheiros!
Roberto viu que, além das flores, havia também frutas, brinquedos e livros. Não conseguia atinar bem com os motivos.
A enfermeira abriu o jornalzinho da vila e deixou que ele mesmo lesse a manchete: “Roberto, o heroi, num ato de bravura salva a vida dos companheiros.”
– Ora essa! – ponderou ele. – Eu pensava ser até um covarde… mas sinto-me agora feliz porque os meus amigos foram salvos da fera do zoológico.

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