O Joio e a Guerra

Na parábola do joio contada por Jesus (Mateus 13.24-30) os empregados perguntaram ao patrão: “O senhor quer que nós arranquemos o joio?” A resposta do patrão veio logo: “Não, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo”. George Bush deveria ouvir e atender a sabedoria desta parábola. Porque se na guerra espiritual todo o cuidado é pouco sobre os efeitos colaterais de uma ação contra os inimigos, isto também vale nestas guerras de homem contra homem. Saddan Hussein já deu provas que é joio no meio do trigo. É um governante tirano e sanguinário. Mas George Bush, que se auto proclamou defensor da humanidade, deveria ao menos colocar em prática seu cristianismo e ouvir e atender a sabedoria da parábola do joio.

O escritor Arnaldo Sisson escreveu que “o que vamos assistir não é apenas à derrota do satânico senhor Saddan, é o início do colapso de nossa civilização” (Zero Hora, 19.03.2003). Ele pode estar certo pois a globalização tem este lado perverso. Não apenas as coisas boas estão sendo repartidas entre os habitantes da Terra mas sobretudo as ruins. Uma delas são os efeitos de uma guerra. No caso desta contra o Iraque, a história que segue vai nos falar. Por isto, mais do que nunca nesta sobrevivência terrestre interdependente, a sabedoria da parábola do joio deveria ser ouvida e atendida, ou como disse o Mestre, “se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam”.

Ao explicar a parábola, Jesus não deixou dúvidas: “Quem semeia a boa semente é o Filho do Homem. O terreno é o mundo. A boa semente são as pessoas que pertencem ao Reino, e o joio, as que pertencem a Satanás. O inimigo que semeia o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos” (Mateus 13.37-39). Neste campo de batalha onde “nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal” (Efésios 6.12) podemos inadvertidamente ser um George Bush, defensores do bem e eliminadores do mal, sem darmos conta que a colheita será feita no fim dos tempos e por agentes credenciados.

Jesus nunca gostou desta mania de limpeza espiritual dentro da igreja. Quando recomendou: “se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele”, disse isto depois de amavelmente contar a parábola da ovelha perdida e confessar “assim também o Pai que está no céu não quer que nenhum destes pequeninos se perca” (Mateus 18.14). Este recado foi para os fariseus que jogavam pedras em prostitutas e encontravam cisco no olho de todos mas não viam o pedaço de madeira nos olhos deles próprios (Lucas 6.41). Este recado continua para todos quando esquecem que têm um Deus que, antes de fazer a colheita e derradeiramente separar o joio do trigo, “quer que todos sejam salvos e venham a conhecer a verdade” (1 Timóteo 2.4).

Por certo foi devido a este desejo divino de salvação global que o apóstolo escreveu antes: “Orem pelos reis e por todos os que têm autoridade, para que possamos viver uma vida calma e pacífica, com todo o respeito a Deus e agindo corretamente” (1 Timóteo 2.2). Diz isto porque já sabia que num mundo sob o caos da guerra, fome, doença, violência, morte e demais desgraças físicas, fica prejudicada a promoção do Evangelho. No caso desta guerra do mundo cristão contra o islâmico, a história no tempo das cruzadas é testemunha que esta estratégia de arrancar o joio antes da hora é diabólica, porque usa as potencialidades para destruir e matar, e não para salvar as amadas criaturas de Deus.

Pois nestes tempos quando o joio toma conta da plantação, é preciso ter ouvidos bem abertos para escutar o que Jesus disse: “deixem que o trigo e o joio cresçam juntos até o tempo da colheita”. Se os reis e governantes não quiserem ouvir a voz do bom senso, um dia ouvirão a voz do próprio Criador. Quanto àqueles que são a boa semente (conforme o sentido da parábola), que nunca deixem de amar até mesmo seus inimigos (Lucas 6.27) pois além de evitar a guerra, ajuda muito no desenvolvimento da plantação do trigo (conforme, é claro, o sentido da parábola).

Autor: Pastor Marcos Schmidt – marsch@terra.com.br

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