O primeiro e o último Caim

Muitas são as explicações para esta onda de violência e crimes hediondos. É claro que os especialistas da área não vão aceitar aquela que aponta lá para Caim que matou seu irmão Abel porque não atendeu quando Deus lhe disse: “Por que você está com raiva? Por que está carrancudo? Se você tivesse feito o que é certo, estaria sorrindo; mas você agiu mal e por isso o pecado está na porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo” (Gênesis 4.7). Tudo leva a crer que o início e o fim da história desta humanidade dominada pela raiva tenham a mesma cena: família se matando. Caim só tinha mesmo gente de sua família para matar. Mas quando hoje este tipo de crime não pára de sair nas manchetes, então sobressaem as palavras de Jesus desvendando sinais do fim apocalíptico: “Muitos entregarão os seus próprios irmãos para serem mortos, e os pais farão a mesma coisas com os filhos. Os filhos ficarão contra os pais e os matarão” (Marcos 13.12).

Arnaldo Jabor, num de seus comentários na televisão sobre tais crimes na família, disse algo bem bíblico: “É assim a vida numa violenta sociedade de consumo, de clones, de extermínios, onde nada vale mais nada, onde nos acostumamos à violência banal, ao egoísmo do consumo total, onde tudo é mercado. Do iogurte ao amor. Tudo é comprável ou vendido”. Foi este quadro caótico que descreveu o apóstolo: “Vocês querem muitas coisas; mas, como não podem tê-las, estão prontos até a matar para consegui-las” (Tiago 4.2). Como nunca antes, hoje desejamos tantas coisas que o nosso dinheiro não consegue comprar. E no meio do tumultuado barulho da propaganda pela conquista de consumidores está muito difícil ouvir as palavras de Jesus: “não fiquem preocupados, dizendo: onde vou arranjar comida, bebida e roupas” (Mateus 6.31). Somos uma geração de pessoas frustradas porque estão nos vendendo a idéia de que feliz é aquele que come a comida x, bebe a bebida y e veste a marca z . E o pior que para ser esta pessoa bem sucedida é preciso também ter aquele carro do “dia do são nunca”, aquela cozinha de última geração, tal televisão, aquele telefone celular … Neste fascínio consumista as piores vítimas são mesmo as crianças que não vão ganhar do papai Noel o sofisticado brinquedo. Mas é claro, sem esquecer que estas que ganham tudo, mais tarde as vítimas são os próprios pais delas.

Pois nesta sociedade do Caim sofisticado onde alguns matam porque têm muito e muitos morrem porque não têm nada, a única saída continua sendo a de sempre: “Cheguem perto de Deus, e ele chegará perto de vocês. Lavem as mãos, pecadores! Limpem seus corações, hipócritas! Fiquem tristes, gritem e chorem. Mudem o seu sorriso em tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os porá numa posição de honra” (Tiago 4.8-10). Este é aquele caminho mais uma vez lembrado neste período de Advento pela voz de João Batista que nunca parou de clamar no deserto: “Arrependam-se de seus pecados porque o Reino do céu está perto” (Mateus 3.2). É o caminho que leva a Deus quando passa por Cristo “porque é por meio do próprio Jesus Cristo que os nossos pecados são perdoados” (1 João 2.2).

Por tudo isto, mesmo quando estas respostas da Sagrada Escritura convencem pouca gente, permanece uma palavra muito oportuna para os que acreditam: “Não percam a coragem nem fiquem com medo das notícias que ouvirem. Cada ano se espalha uma notícia diferente; são notícias de violência na terra … Eu os livrarei das mãos dos perversos e os libertarei do poder dos violentos” (Jeremias 51.46 e 15.21)

e-mail: marsch@terra.com.br
Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Autor: Pastor Marcos Schmidt

Compartilhe esse artigo

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn
[adinserter block="4"]

Sumário

[adinserter block="5"]

Artigos Relacionados