Os Caminhos de Deus

Uma lenda antiga fala de certo homem que, revoltado, não se conformava com as injustiças que, segundo ele, eram cometidas contra o inocente enquanto os culpados viviam regaladamente.
Sonhou numa noite que Deus enviara um anjo para lhe mostrar os seus caminhos e falar dos seus desígnios em relação ao homem.
Saíram viajando. No fim do primeiro dia pernoitaram numa casa, onde foram muito bem tratados.
No dia seguinte, ao se despedirem da família hospedeira, o anjo levou às escondidas uma taça de cristal contendo licor.
Na noite seguinte foram parar numa rica mansão, onde foram mal recebidos, dormindo com fome e mal acomodados.
Ao saírem dali, os donos mal-humorados cobraram-lhes o pouso e o anjo pagou a conta com a taça de licor.
Prosseguindo viagem, eles pernoitaram, na terceira noite, em um casebre onde vivia uma família muitíssimo pobre, mas que lançaram mão de tudo o que tinham para lhes dar o melhor.
Na manhã seguinte, ao saírem o anjo ateou fogo ao casebre.
Andando pela estrada, encontraram um lenhador acompanhado do filho único.
O anjo pediu-lhe orientação sobre a estrada e o lenhador permitiu que o filho os conduzisse até à estrada da ponte. Chegando lá, o anjo empurrou o menino que, caindo na água, pereceu afogado.
Nesse ponto, o homem pôs-se a protestar contra as atitudes do anjo, dizendo:
– Você tem me mostrado apenas o caminho da perdição e não os de Deus. Basta! Não quero mais entender nada sobre o caminho…
Foi então que, sentados à beira da estrada, o anjo explicou a respeito da vontade de Deus, sua supremacia e onisciência, falando:
– A taça retirada daquela casa continha licor envenenado. Levando-a dali, eu livrei a família da morte.
O fogo ateado no casebre foi porque os donos iriam perdê-lo para um agiota, a quem deviam. Agora sob os escombros encontrarão um tesouro escondido, com que pagarão a dívida e construirão uma casa melhor com o restante.
O garoto, que partiu na sua inocência, tornar-se-ia um perigoso facínora, levando os velhos pais à vergonha e ao sofrimento. Agora, entretanto, está salvo.
Antes de qualquer indagação ou argumentos em torno do assunto com o mensageiro celestial, o homem despertou confuso e pensativo.
E foi depois desse sonho que chegou à conclusão de que, realmente, os caminhos de Deus são insondáveis e, por vezes, até inexplicáveis…

Nem sempre, por maior que seja a nossa fé e submissão às determinações do Senhor, conseguimos entender a sua vontade.
É que a nossa mente finita não nos permite ver além do palpável no presente.
Por isso mesmo é que não temos o direito de nos revoltar contra Deus, mas, sim, aceitar e acatar a sua vontade soberana.

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