Os nossos Deuses Olímpicos

Por ser um espetáculo pagão, os Jogos Olímpicos – nascidos na Grécia em 776 a.C. – foram proibidos pelo imperador cristão de Roma, Teodósio I, no ano 394 d.C. Esta foi a última Olimpíada da Antigüidade. Só quinze séculos depois os Jogos voltariam a se realizar, lá mesmo em Atenas no ano de 1896. Na verdade, os Jogos antigos eram mesmo dedicados aos diversos deuses da Grécia – os deuses do Olimpo – sendo Zeus o principal deles. Diz a história que antes do início das competições os atletas eram obrigados a sacrificar um porco em homenagem a estes ídolos. E, de certa forma como um culto ao corpo, a grande maioria dos participantes disputava as provas sem nenhuma roupa.

Agora, será que Deodósio I acertou em proibir estes jogos?

Pois, se tivesse acertado, também hoje nenhum cristão deveria participar destas Olimpíadas modernas ou de outras coisas que acontecem neste mundo de jogos e competições. Aliás, esta maneira cristã de agir sempre trouxe grandes dificuldades na tarefa que Cristo deu à igreja. Não é desta forma, proibindo tudo e fugindo de todos, que os cristãos vão ser sal da terra e luz do mundo. O próprio apóstolo Paulo foi muito criticado por estar entre os gregos pagãos. Mas foi assim que “muitos creram, entre eles grande número de gregos e também mulheres gregas da alta sociedade” (Atos 17.12). Como qualquer cristão, Paulo ficou indignado ao ver a cidade de Atenas tão cheia de ídolos (Atos 17.16). Mas isto não impediu que ele entrasse no Areópago (ou colina de Ares – deus da guerra) e pregasse ali o Evangelho. E o resultado foi que “alguns homens creram e se juntaram a ele” (Atos 17.34).

Pensando bem, os Jogos modernos continuam em parte sendo dedicados a estes deuses do Olimpo. Com outros nomes, é claro – vaidade, orgulho, avareza, inveja, mentiras, brigas etc. E se, para não nos contaminar, proibirmos a mídia e a mente a tudo isto, imitando Deodósio I num âmbito pessoal, teremos que proibir também o próprio coração, lugar onde nascem todos estes ídolos disfarçados (Marcos 7.21). E aí teremos que ouvir de Jesus: “vocês são como os outros, não entendem nada” (Marcos 7.18).

Por isto, melhor mesmo é fazer igual a Paulo. Ele aproveitou a oportunidade no Areópago, e disse: – Homens de Atenas, este altar com as inscrições “ao deus desconhecido” que encontrei aqui na cidade de vocês é “justamente aquele que eu estou anunciando (…) Não devemos pensar que Deus é parecido com um ídolo de ouro, de prata ou de pedra, feito pela arte ou habilidade das pessoas” (Atos 17.23, 29). Paulo falou de Cristo, da ressurreição, julgamento, pecado, perdão. Tudo aquilo que está no Evangelho. Se tivesse chegado lá e descarregado: – vamos parar com estes jogos, vamos dar um fim nestas estátuas, então certamente muitos gregos, a exemplo de Dionísio e Damaris, jamais teriam conhecido o Deus único e verdadeiro.

Certamente se o apóstolo tivesse nos jogos da Atenas moderna, aproveitaria toda esta mídia fenomenal e atenção de gente de todo o planeta, e diria: “De um só homem Deus criou todas as raças humanas para viverem na terra. Foi ele mesmo quem marcou os tempos e os lugares certos onde os povos deviam morar. Fez isso para que pudessem procurá-lo e talvez encontrá-lo, pois ele não está longe de cada um de nós. Porque nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17.26,27).

E pensando melhor, esta nossa mania de competir e ganhar é um instinto saudável criado por Deus. Se não fosse o pecado, seria usado para o bem e não para o mal da humanidade. E por querermos competir com o próprio Criador fazendo-nos deuses ou fazendo os nossos deuses, que nos damos tão mal. Mas graças ao amor deste Deus que se fez criatura tornando-se igual a nós para nos dar uma chance de vitória, que agora podemos receber a “coroa gloriosa que nunca perderá o seu brilho” (1 Pedro 5.4).

Referindo-se aos jogos olímpicos, disse Paulo a um jovem cristão que “o atleta que toma parte de uma corrida não conseguirá o prêmio se não obedecer às normas da corrida”. E então lhe recomendou: “Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação de Deus” (2 Timóteo 2.5,15). Pois ainda bem que nesta corrida Deus não compete conosco mas nos treina para a vitória. E como diz a Bíblia, porque somos os filhos de Deus podemos vencer o mundo (1 João 5.4).

Autor: Pastor Marcos Schmidt – marsch@terra.com.br

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