Por que Pesquisar?

1. Pesquisas fornecem dados para o movimento missionário.

Sem os pesquisadores, talvez nunca saberíamos dos povos não alcançados e muito menos conheceríamos as suas necessidades.
Enquanto Cameron Townsend ministrava na Guatemala, ele distribuía Bíblias em espanhol. Mas logo em seguida descobriu que o povo Maya, para o qual as entregava, não falava espanhol. Townsend poderia ter passado o resto de sua vida traduzindo a Bíblia para a língua Maya. Seria um ministério maravilhoso. Em vez disso, ele se perguntou: “Quantas outras línguas não possuem as Escrituras?”
A pesquisa feita para responder a questão de Townsend é pouco mencionada hoje, e ainda está longe de ser concluída. Mesmo sem uma conclusão final, tal busca resultou em uma tremenda resposta: a fundação da Wycliffe, especializada na tradução da Bíblia, que é a maior agência missionária independente da América do Norte.
Se não fosse pela pesquisa, o estudo cuidadoso, sistemático, paciente e a investigação sobre missões feita no campo, encarregando-se de descobrir novos fatos e princípios, provavelmente a Wycliffe não seria o que é hoje.
Sem a pesquisa, agências missionárias como Frontiers (Fronteiras), Christian Aid Mission (Missão de Ajuda Cristã) e Cooperative Services International (Serviço Internacional de Cooperação) talvez nunca existissem. E se não fosse pelo trabalho de pesquisa missionária, a Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista do Sul dos EUA e a Aliança Cristã e Missionária não poderiam realizar a obra entre as nações não alcançadas.
Existe uma grande necessidade de homens e mulheres treinados para investigar e documentar os esforços missionários no campo, buscar novas oportunidades e identificar barreiras que impedem o progresso do trabalho. Infelizmente, a pesquisa missionária raramente é vista dessa maneira.
Deveríamos ver a pesquisa com mais seriedade e compreender o papel que ela desempenha em nossa vida, em nossa atividade diária e, especialmente, em nossos ministérios.

2. Porque necessita-se de pesquisa?

Dentro da medicina existem inúmeros tipos de médicos. Alguns são cirurgiões, clínicos gerais, pediatras, e outros são enfermeiros. Mas também existem os médicos que se dedicam à pesquisa.
Ninguém defende que qualquer área de especialização dentro da medicina seja menos importante do que as outras. Ninguém defende a idéia de que os pesquisadores deveriam abandonar a busca por novas curas para se dedicarem em tempo integral à cirurgia. Embora os médicos pesquisadores sejam tão médicos quanto seus colegas cirurgiões, não poderíamos deslocá-los de suas atividades.
Sem pesquisa, não teríamos a cura para a pólio ou a penicilina para ajudar na luta contra as infecções. Da mesma forma, muitos pesquisadores são também missionários igualmente capazes. Na verdade, muitos pesquisadores começaram como missionários de campo, mas abriram mão para se concentrarem num esforço com efeitos mais abrangentes: a pesquisa.
Obviamente isso não significa que a pesquisa seja muito mais importante ou sua aplicação menos importante. Significa simplesmente que cremos que Deus chama alguns para que invistam tempo e energia investigando e compreendendo os problemas dos missionários para que se encontrem soluções. Desse ponto surgem ministérios que respondem às necessidades descobertas.

3. Do que uma pesquisa é formada?

Coleta de dados – Primeiramente, recolhe-se as informações originais. Os dados nunca são inventados. Todas as informações sobre um determinado país são colhidas no próprio país. As fontes incluem noticiários, censos governamentais, livros escritos por especialistas de áreas especificas, entrevistas de campo, pesquisa em jornais, documentos das Nações Unidas, obras de referências já publicadas, periódicos missionários, anuários e listas, pesquisas na internet e “informantes” – pessoas que fazem comentários nas entrevistas pessoais ou através de correspondência, ligações telefônicas, fax ou e-mail.
Compilar os dados, embora seja uma grande parte da pesquisa é apenas uma parte dela. Mas uma pesquisa não é só isso. Coletar dados é um meio que objetiva um fim.
Nos campos missionários, por exemplo, reúne-se o conhecimento existente para se formular uma estratégia que alcançará um determinado povo. Missionários não residentes (às vezes chamados de coordenadores estratégicos) são um exemplo desse processo: eles reúnem informações sobre o que tem sido feito entre o povo escolhido para o trabalho e, com isso, identificam novas opções, oportunidades e estratégias. Os pesquisadores, por outro lado, recolhem dados com o objetivo de descobrir algo novo e desconhecido anteriormente, que acabe revelando novas possibilidades de ação.
Organizando e analisando as descobertas – O pesquisador organiza e analisa seus dados. Um software geralmente é usado para identificar diretrizes, mas sempre como uma ferramenta nas mãos do pesquisador. O conhecimento da matéria por parte do analista é importante para interpretar os resultados. Caso contrário, podem aparecer erros.
Publicando as descobertas – Os resultados da pesquisa são sempre divulgados através de uma publicação reconhecida. Essa é a primeira linha de defesa contra erros e uma pesquisa inadequada. Além disso, torna possível a crítica de outros colegas pesquisadores.
Os pesquisadores têm paixão pela verdade. Eles se preocupam com isso mais que qualquer outra coisa. O processo de revisão e crítica faz parte do esforço deles em trabalhar juntos para aprimorar descobertas e identificar a verdade.
Os pesquisadores sempre são encorajados a divulgar seus dados (diferentemente de seus resultados) a bibliotecas. Embora os dados tenham valor prático, seu grande valor está nas descobertas que trazem quando organizados e analisados. Servir apenas como distribuidor de informação consumiria o tempo que o pesquisador possui para centrar-se em sua chamada: a pesquisa. Eles precisam continuar sua investigação. Portanto, freqüentemente limitam ou recusam-se a publicar todos os dados que dispõe.
A pesquisa não termina na publicação. Os pesquisadores constantemente buscam desenvolver mais conhecimento e uma melhor compreensão dos problemas que investigam. O alvo principal é o aprendizado constante.
Enquanto os pesquisadores estão examinando um determinado campo, sempre investigam áreas correlatas. Cada nova descoberta pode ser a solução para o problema de um missionário ou até mesmo uma idéia nova quer pode levar a uma outra oportunidade de se completar a missão. Com freqüência, uma publicação é lançada em várias edições como resultado desse trabalho constante.

4. Quem são os pesquisadores mais destacados?

Inúmeras organizações e pesquisadores do Ocidente têm feito pesquisas significativas na área de missões. Talvez o mais conhecido seja Patrick Johnstone, autor do manual Intercessão Mundial. Sua pesquisa, apresentada na forma de um guia de oração, abrange todos os continentes e nações.
Outras fontes significativas de pesquisa incluem a Frontier Missions Centre (Centro de missões de Fronteira) na Austrália (associado à JOCUM), a Mission Advanced Research and Communication Center (Missão de Pesquisa Avançada e Centro de Comunicação, parte da Visão Mundial), a Missão Wycliffe (tradutores da Bíblia), International Association for Mission Studies (Associação Internacional para Estudos de Missões) e a Global Evangelization Movement / World Evangelization Research Center (Movimento de Evangelização Global / Centro de Pesquisa para Evangelização do Mundo). Pesquisas úteis também aparecem freqüentemente em jornais de pesquisa de missões como o International Bulletin of Missionary e o International Journal of Frontier Missions (não disponíveis em português).
Infelizmente, o espaço deste breve artigo é curto demais para mencionar o vasto número de centros de pesquisa de missões na Europa e países do terceiro mundo. A Alemanha abriga centenas de centros de pesquisas missiológicas, tal como a Inglaterra, Países Baixos e Itália. Há mais centros localizados na África e Ásia. Um membro do conselho de referência fundou recentemente um Centro de Pesquisa Teológica em Mianmar (antiga Birmânia).
É digno de nota que algumas pesquisas sobre povos do mundo não são conduzidas por missionários ou outros trabalhadores cristãos. Esse trabalho é feito por antropólogos profissionais e outros estudiosos. Se você for a uma biblioteca bem equipada encontrará dezenas, talvez centenas de livros que falam de povos não evangelizados desde os cazaquis até os tibetanos. Pesquisar numa biblioteca pode ser algo até mais revelador. Numa grande biblioteca missionária na Algéria, recentemente encontramos 750 livros sobre os berberes Kabyle das montanhas algerianas! Informações culturais, mesmo disponíveis em livros escritos há 10 ou 20 anos atrás, são tão aplicáveis a um determinado grupo quanto obras produzidas há três anos. Isso acontece porque os seus costumes e modelos culturais geralmente não mudam rapidamente.

5. Quais são os efeitos da pesquisa missionária?

A pesquisa missionária está longe de ser um exercício intelectual. Ela pode afetar tremendamente as missões no mundo.
A pesquisa aumenta a consciência para missões no mundo – Livros como Intercessão Mundial surgiram diretamente dos resultados de pesquisa. Até mesmo a Enciclopédia Britânica foi influenciada; seus editores procuraram informações com pesquisadores em missiologia para incluí-las em seções sobre religiões mundiais.
Aponta novas tendências – A idéia atual de povos não alcançados foi gerada pela compreensão do que são grupos étnicos. A ênfase crescente no alcance de novas fronteiras tornou-se possível graças à pesquisa que revelou onde estavam essas fronteiras.
Permite priorizar – O movimento evangelístico Cruzada Estudantil e Profissional utiliza a pesquisa para identificar os povos que precisam de tradução do filme Jesus. As juntas missionárias de diversas denominações identificaram vários povos que precisam ser alcançados pelo evangelho.
Propicia novas estratégias – A pesquisa dá uma nova compreensão que leva a novas oportunidades de ministério. Ao examinar a situação global, os ministérios podem determinar em quais atividades podem auxiliar a igreja local em seu crescimento.
Preparo para longo prazo – A pesquisa identifica problemas e oportunidades que aparecerão na próxima geração e até mesmo no próximo século. Os pesquisadores podem prever e preparar para novos desafios com o estudo da demografia, das alterações econômicas, dos padrões de imigração e das novas tecnologias – elementos que têm forte impacto nos campos que queremos alcançar.

6. Como isso pode ajudá-lo?

A pesquisa pode ajudá-lo a entender porque você sente a chamada de Deus para missões. A pesquisa também o ajudará a ter uma visão global do corpo de Cristo, os índices atuais da atividade missionária e as necessidades de se completar a obra. E algo mais importante ainda: ela fornece uma imagem verdadeira daqueles que nunca ouviram o evangelho. Isso o ajudará a orar com maior conhecimento e se preparar melhor para ministrar.
A pesquisa também pode apontar a direção para que você possa servir de maneira mais proveitosa. Ela mede o progresso da evangelização do mundo, identificando os vazios no esforço de estender seu alcance. Esses vazios se revelam através dos povos não evangelizados, cidades e países, as fronteiras de missões, onde você poderá fazer grande diferença.
A pesquisa pode identificar pontos cruciais que afetarão seu ministério. Os pesquisadores examinam tendências em longo prazo, mostrando o que mudará a dinâmica social da região onde você mora e ministra. Essas informações afetam todos os setores, desde o levantamento de fundos até a política de saúde. As descobertas da pesquisa podem despertar sua criatividade, revelando novas oportunidades. Essas descobertas podem abrir novas portas para se ministrar, identificando as necessidades de ajuda humanitária, tradução da Escritura, orfanatos e muitas outras oportunidades.
Finalmente, a pesquisa pode mantê-lo informado de possibilidades futuras. Muitos campos de estudo seculares são geralmente ignorados pelos cristãos, especialmente pelos missionários, que têm pouco tempo livre. Mesmo assim, os eventos que ocorrem nesses campos podem ter uma grande repercussão na vida dos obreiros cristãos. Embora não seja tão bem conhecida como a mobilização ou intercessão, a pesquisa, quando feita apropriadamente, pode surtir enormes efeitos na vida do missionário. Talvez os seus netos estarão trabalhando numa agência missionária que seja fruto das descobertas de amanhã!

por Justin D. Long e David B. Barrett (Global Evangelization Movement)

Autor: Reinaldo Teixeira

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