Eu iria compartilhar apenas com a família COMPARTILHANDO (lista de pastores em comunhão, na internet), mas resolvi estender a tragédia, e compartilhar com todo mundo.
Tomei conhecimento de que a esposa de um pastor americano, brasileira, iria para o Pará, fazendo conexão em São Paulo. Então, como eu tinha umas fotografias que lhe pertenciam, e como estava com saudades, resolvi marcar com ela, e esperá-la em Guarulhos, para um café e oração. Só que o seu vôo chegaria às 6:05 da manhã, e, como sei das constantes mudanças de horário, resolvi chegar uma hora e pouco mais cedo, garantindo o encontro.
Nem dormi. Fiquei a escrever até umas três, e aprontei-me. Daqui até Guarulhos são 45 quilômetros, mas, sem trânsito, a coisa anda bem. Estacionei e peguei meu ticket.
Fui ao painel eletrônico, e vi que o vôo Delta de Atlanta chegaria mesmo às 6:05, então fui “enrolar” um pouco. Quando o horário chegou, o painel mostrou que o avião havia pousado. Os passageiros iriam descer pelo portão 1. Então não haveria erro. Se não houvesse nenhum problema ou orientação diferente, ela teria que sair por ali.
O povo começou a sair. Mães a reencontrar filhos, maridos a abraçar esposas, motoristas a levar funcionários, amigos se reencontrando, como é rico o portão de desembarque de um aeroporto! Quantas histórias não estão acontecendo naquele momento mágico, momento do reencontro?
Bem, o povo saiu, e o pessoal de Paris começou a sair. A irmã não apareceu. Pensei: “Ah, deve ter sido pega na alfândega. Devem estar desmanchando suas malas, porque suas lembrancinhas pra família excederam. Tudo bem, é já que aparece”. O relógio marcou 7 da manhã, e nada da irmã aparecer.
Comecei a ficar aflito. As pernas já cansavam. Deixei para tomar café com ela, e estava me sentindo fraco (estou de regime). Quando chegou às 7:30 hs, desesperei-me. Pensei: “será que ela saiu por uma porta especial? Bom, deveria ter ligado para o meu celular”. Esperei até às 8. Subi e fui perguntar à INFRAERO. Eles não podiam dar-me a lista de passageiros. Corri para o portão e vi que não havia mais ninguém. Às 8:30 hs eu realmente estava cansado. Cansado e poderosamente enfurecido.
“Mas não é possível! Que falta de consideração dessa irmã! Poxa, se iria vir em outro vôo, alguém poderia ter me avisado, não é mesmo? Agora eu fico aqui, a pensar mil coisas, se ela realmente está bem, se virá no próximo vôo. Isso não se faz!” Liguei para casa e minha mãe falou: “filho, deve ser o furacão”. Aquilo amenizou um pouco, mas não tirou a minha braveza.
Paguei o estacionamento e, com muito custo, deixei o portão, ainda na expectativa de que ela por ali saísse. Que nada! Fui embora cuspindo fogo. Ao chegar no carro, fui tirar os papéis que trouxe, com os números do vôo. Estava lá, tudo marcadinho. Mas… espere um pouco…. O que é isso?
VÔO DELTA …. ATLANTA TO GUARULHOS 01/SET/2005….
“Meu Deus, hoje ainda é 31 DE AGOSTO! Eu vim um dia antes!” Que mico!!!! O vôo só iria chegar no dia seguinte! Eu pensei que já era 1 de setembro, porque não lembrei que agosto tinha 31 dias! E lá estava eu, de alegre, pagando um mico danado, esperando quem não iria chegar de jeito nenhum!
Fiquei com vergonha até de voltar pra casa. Pensei: “Meu Deus, que burro que fui! Vai ver é a idade dos “ENTA” chegando!” Esperei-a no dia errado! Essa foi de lascar!
Mas, com isso, reavaliei a minha postura. Eu prejulguei-a. Eu a acusei de não ter me avisado, de não ter tido consideração, e também ao pessoal de lá, por não me avisar da mudança de planos! E o errado era eu! Já pensou? Acusei-a, e ela era inocente! Ah, como Cristo advertiu-nos sobre o juízo temerário! Falou-nos que seremos julgados, com a medida do nosso próprio julgamento! Somos tão orgulhosos! Muitas vezes não damos o braço a torcer, mesmo descobrindo, no processo, de que somos os errados da história! E tudo isso poderia ser evitado por um simples pedido de “perdão!”. Se fôssemos humildes, reconheceríamos nossos erros, e diríamos “puxa, eu errei. Eu cometi uma falha grave, mas conto com sua compreensão”. Muitos casamentos, muitas amizades, muitos empregos, muitas igrejas, não sofreriam tanto, se soubéssemos dar o braço a torcer. Agora, quando vir a irmã, vou pedir perdão a ela, explicando-lhe o porquê. Sinto que devo fazê-lo.
E, para terminar, isso mostrou-me novamente que, não adianta ter fé em alguma coisa, se essa coisa não estiver certa. Eu cria piamente que ela estava naquele vôo, mas a minha fé não valera de nada, pois ela não estava. A nossa fé deve ser baseada no que é certo, no que é concreto, no que é revelado pelas Escrituras Sagradas. Não adianta as religiões nos prometerem caminhos múltiplos para Deus, maneiras mil para sermos felizes e abençoados. Se procurarmos a Deus fora de Cristo, que afirmou categoricamente ser “O caminho, A verdade e A Vida”, não chegaremos ao Pai, por mais que o busquemos. A fé é fundamento firme, mas baseada na verdade. Foi Jesus quem afirmou: “Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (João 17.17). A fé na mentira é o mesmo que esperar a irmã descer do avião no qual não embarcou. No final teremos apenas frustrações. Vamos crer só na verdade!
E agora com licença, que vou cochilar, porque, daqui há pouco, vou recepcionar a irmã no aeroporto. Ah, mas dessa vez na hora certa, e no dia certo. (só não vi direito em que ano seria a viagem….Será que é 2005 mesmo? Vou conferir… ai, ai, ai…)
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
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Autor: Wagner Antonio de Araújo