Interessante um artigo sobre os novos pecados capitais (Diário Popular -19.01.2003) que fala do adeus à avareza, luxúria, inveja, gula, preguiça, ira e soberba e em seu lugar entrando a autopromoção, hiperatividade, eterna juventude, ironia forçada, falsa humildade, esnobismo/popular e voyeurismo (excitação sexual ao observar a cópula dos outros). Bem verdadeiro, sobretudo quando programas de televisão como Big Brother Brasil ou Casa dos Artistas conseguem grande índice de audiência. Conforme o artigo, “a televisão e o cinema alimentam essa tendência voyeur dos dias de hoje. Assistimos novelas, programas – principalmente esses realitys shows – projetando as nossas fantasias, os nossos fantasmas, na ilusão de que aqueles são outros, nada a ver conosco. Mas a verdade é que assistimos porque nos tocam, porque projetam uma parte de nós”.
Pecados capitais ou pecados veniais, pecados grandes ou pequenos, no entanto, não fazem diferença quando a Bíblia diz que “todos … estão debaixo do poder do pecado” (Romanos 3.9). Mas também diz que “qualquer outro pecado que alguém cometer não afeta o corpo, mas a pessoa que comete imoralidade peca contra o seu próprio corpo” (1 Coríntios 6.18). Pois se a grande preocupação de hoje é quanto a saúde física (por isto todo este mercado de produtos para manter um corpo esbelto), percebe-se que até aqueles que foram comprados por Deus para usarem seus corpos para a glória dele (1 Coríntios 6.20), estão facilmente deixando-se levar por esta onda do reality show.
Defendendo suas convicções políticas, a senadora Heloísa Helena declarou algo que nós cristãos deveríamos transpor para as nossas convicções cristãs: “Quando há uma onda muito grande, dizem que se deve mergulhar nela. Mas há quem desista de mergulhar por saber que dentro da onda encontrará um tubarão branco chamado consciência. Preferem deixar a onda quebrar em suas costas”. Alertando contra os tubarões brancos que devoram a alma, o apóstolo diz que “o nosso corpo não deve ser usado para a imoralidade mas para servir ao Senhor” (1 Coríntios 6.13). Por isto o conselho: “fujam da imoralidade” (v.18).
Fugir da imoralidade não é uma questão muito simples como jogando a televisão fora, isolando-se do mundo, ou anulando completamente a vaidade, a beleza física e os prazeres da vida. Quando o apóstolo diz que “posso fazer qualquer coisa mas não deixarei que nada me escravize” (v.12), aponta para esta liberdade cristã orientada por uma consciência de um corpo que é templo do Espírito Santo (v. 19). Por isto, num outro extremo vivem escravizados aqueles que acham que tudo é pecado, até mesmo aquelas coisas criadas por Deus para o prazer humano. “Se vocês comem ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31), tranquiliza o apóstolo quando a consciência é ataca pelos tubarões do legalismo moralista (um pecado do esnobismo espiritual).
“Vocês não pertencem a vocês mesmos, pois Deus os comprou e pagou o preço” (1 Coríntios 6.20). Isto é tudo o que precisamos ouvir e crer quando o reality show da miséria humana não está na televisão nem lá fora no mundo mas dentro de cada um. Uma realidade que nos expõem diante da acusação diabólica de que somos pecadores e estamos perdidos. Pois existe outro show da realidade que é Cristo. Este sim vale a pena assistir, nos tocar e projetar uma parte de nós.
Autor: Pastor Marcos Schmidt – marsch@terra.com.br