“Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor” (Salmos 27.4).
Nas montanhas brancas da América, a natureza modelou um bonito rosto que parecia olhar com ternura o vale abaixo.
Desse tão comovente quadro, surgiu uma lenda muito interessante que por duas gerações, três, e dezenas delas, foi contada pelas mães aos filhos. A lenda dizia que haveria de aparecer um dia um homem com a mesma feição meiga e
bondosa, retratada no grande rosto de pedra esculpido, naturalmente, nas montanhas.
Os anos foram se passando e com eles várias gerações também passaram. Finalmente, nasceu nas redondezas uma criança, a quem chamaram de Ernesto. No decorrer da infância de Ernestinho, a mãe o tomava nos braços, ao entardecer e lhe apontava aquele terno rosto de pedra, dizendo que um dia no futuro apareceria um homem com aquela semelhança. O garoto
cresceu e se fez homem, deixando para trás a sua infância; entretanto, não lhe saía da mente a lembrança daquele rosto que ele tanto admirou e que tantas vezes desejou viver até contemplar o rosto que, segundo a lenda, seria absolutamente semelhante àquele de pedra.
O tempo continuou a passar e com ele também se passou a juventude de Ernestinho. Agora ele era um velhinho simpático e muitíssimo querido naquela região. Todavia, nenhum dia se passou sem que ele encarasse, analisasse e experimentasse refletir a mesma ternura demonstrada através dos traços
daquele rosto da montanha. Compartilhava dos problemas alheios, pensando que o mesmo faria o homem de pedra se fosse humano. Mostrava-se sempre paciente nas provações e perseverante em toda atividade.
Certa vez, ao anoitecer, falava com um grande grupo de pessoas amigas, dando-lhes ânimo, mostrando motivos de esperança na labuta e certeza do futuro, quando os últimos raios rubros do sol iluminaram o seu rosto simultaneamente com o rosto cravado na montanha. Naquele momento, os seus
amigos notaram que Ernesto – o bom velhinho – refletia com exatidão absoluta aquelas mesmas expressões de ternura estampadas no rosto de pedra, e acharam então que ele era, sem sombra de dúvida, o cumprimento fiel da tão esperada profecia…
Sempre será assim. Aquilo que sentimos no coração, que vemos com os olhos e tocamos com as mãos torna-se parte de nós mesmos. Cada flor que se volta em direção ao sol recebe uma parcela do brilho dos seus raios sobre as pétalas; o pássaro que voa pela quietude do espaço azulado sabe trinar melodias
celestes. Os olhos que podem sentir um vislumbre da glória de Deus sabem refletir o Senhor na beleza da sua formosura.
Autor: Paulo Roberto Barbosa