De onde ou como surgiu está idéia de que religião, política e futebol não se discutem? A explicação pode ser porque são assuntos apaixonantes e quando a paixão toma conta, perde-se o bom senso e a coisa vira em briga. Na verdade, somos três partes: religião, política e futebol. Religião, mesmo quando alguns renegam, mexe com a vida de todos, pois lida com a parte oculta e inexplicável – o espiritual. Política é a vida social, o trabalho, a comida, a segurança, a sobrevivência numa sociedade hostil e predadora – o racional. E futebol representa a parte lúdica do ser humano, divertida – o emocional.
Por isto ninguém vive sem religião, política e futebol. E é por isto também que são assuntos que se discutem, sim. Afinal, fomos feitos para opinar e escolher (aqui já começa uma tremenda discussão porque a minha religião acredita que fomos criados por Deus e não evoluídos de um animal irracional). Pensando mais – conforme convicções teológicas – este princípio de liberdade para escolher já estava lá no Gênesis. Adão e Eva estavam livres para decidir entre o bem e o mal. E quem conhece o resto da Bíblia percebe que este “mundo sem cercas” continuou sendo uma garantia divina. Mas o bem e o mal permanecendo como conseqüência, dependendo das escolhas. “Decidam hoje a quem vão servir. Resolvam… qual deus vocês querem” (Josué 25.15). “Eu escolhi o caminho da fidelidade; tenho obedecido às tuas ordens” (Salmo 119.30). “…fizeram o que me desagrada e escolheram coisas que me aborrecem” (Isaías 66.3). “… apenas uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor, e esta ninguém vai tomar dela” (Lucas 10.42). Estes e outros textos bíblicos apontam para tal princípio da vida humana – a liberdade para escolher. Algo que foi restaurado no Evangelho do “Cristo que nos libertou para que sejamos de fato livres” (Gálatas 5.1).
Indo mais longe na discussão, se o Criador fosse autoritário, mandão, ditador, jamais permitiria um mundo como este. Estamos onde estamos – guerras, violência, fomes, destruição – porque Deus nos fez livres. E porque nos ama, mandou então seu Filho, de igual para igual, a fim de discutir e convencer que estamos escolhendo errado. E a estratégia para convencer não é com simples palavras. É com a Palavra que se tornou um ser humano e que morou entre nós (João 1.14). Com o resultado de que aqueles que o recebem e crêem nele, têm o direito de se tornar filhos de Deus (João 1.12). Assim já não somos mais escravos, mas filhos. E já que somos filhos, Deus nos dá tudo o que ele tem para os seus filhos (Gálatas 4.7). Como se vê, antes de discutir, Deus é aquele pai que vem, devolve, mostra, discute, e só depois nos coloca diante das setas e diz: escolham o caminho, mas não esqueçam que o meu é o melhor.
A vida, neste sentido, é uma constante discussão e escolhas. Podemos até decidir em não decidir, mas será uma decisão. Neste Domingo, de alguma ou de outra forma vamos dizer o que queremos. E se deixamos de pensar, discutir e raciocinar, estamos dando um “tiro no escuro”.
A verdade é esta: todos somos religião, política e futebol. Isto é, fé, razão e emoção. Coisas bem diferentes uma da outra mas que fazem parte da vida. Por isto, só mesmo discutindo estas coisas para escolher o melhor.
Autor: Marcos Schmidt – e-mail: marsch@terra.com.br