Senhorita Já Sei

Certa garota estava já se tornando inconveniente, em virtude do seu espírito de competência e superioridade em tudo.
Era quase impossível fazer-lhe qualquer surpresa, porque ela sempre admitia conhecer e saber sobre todas as coisas. E dessa maneira ninguém mais desejava a companhia da menina.
O pai, percebendo o desagradável impacto criado pela filha no meio dos vizinhos e amigos, sentiu que teria de cortar aquele mal pela sua raiz enquanto era tempo.
Pensando nisso, um dia ele lhe disse que no final da semana viajaria para São Paulo e que a levaria para conhecer a capital do estado.
A garota vibrou com a notícia.

Chegou o dia. Enquanto iam no trem, o pai indicava os pontos interessantes por onde passavam, mas ela sempre dizia com certa indiferença:
-Ah, papai, já sei sobre isto. Já ouvi falar antes.
Cansado dessa atitude, o pai mudava então de assunto. Em dado momento, ele indagou da filha o seguinte:
-Vamos supor que você se veja em São Paulo e sem me encontrar em lugar algum! O que faria então em tais circunstâncias?
-Volto pra casa, ora! – respondeu a garota, naturalmente.
-Mas volta de que maneira?-insistiu o pai, já elaborando planos.
-Ora, simplesmente indo à estação e tomando um trem de volta-disse.
-Mas como saberá ir à estação, se não conhece aquela cidade?
-Ora, darei um jeito. As coisas são sempre mais fáceis do que parecem!

Mais tarde já se encontravam os dois junto à estátua de Ramos Azevedo. Sem querer admitir que o que via era novidade, afinal indagou:
-Papai, quem foi aquele homem que está lá em cima?
Não tendo resposta, virou-se e não viu o pai. Chamou-o, mas foi em vão.
Lembrou-se do que lhe havia dito, mas não sabia como voltar. Pôs-se a chorar convulsivamente, até que um guarda chegou-lhe fazendo mil perguntas, sem que ela soubesse responder corretamente.
Tomando-a pela mão, ele disse que iriam juntos à procura do pai. Não haviam caminhado muito, quando alguém a chamou:
-Filha, está indo para a estação tomar o trem de volta para casa?
Tomando a filha pela mão, continuou a conversa dizendo-lhe:
-Minha filha, é sempre melhor sermos humildes porque qualquer pessoa reconhecerá os méritos que tivermos sem que tenhamos de ser presunçosos.

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