Sonho de uma criança

Era uma vez um país muito distante. nele havia muitas crianças. Aliás, só havia crianças. Os adultos não mais existiam.
Pairava no ar a esperança de que um novo tempo estava por surgir.
Todos comentavam, até que a conversa chegou aos ouvidos do rei das crianças chamado Jesulino.
Informado de tudo o que se passava, porque ele conversava muito com as crianças na rua, resolveu convocar uma grande reunião.
Todas as crianças compareceram. Era gente que não acabava mais. Parecia que o mundo tinha virado festa. O rei Jesulino iniciou a reunião assim:
– A partir de hoje fica decretado que é proibido não amar.
Depois relembrou muitas coisas do tempo em que o país era governado pelos adultos e que, apesar dos bonitos discursos, as crianças eram desprezadas.
E algumas também já tinham ouvido falar essas coisas na escola: que antigamente as crianças eram maltratadas, torturadas e até assassinadas.
O rei lembrou o tempo em que o mundo vivia triste, porque as crianças eram obrigadas a sair às ruas e trabalhar ou pedir dinheiro, para ajudar a comprar o pão e o leite e pagar aluguel.
Os abusos que se cometia contra elas, fazendo com que algumas acabassem entrando no mundo do crime, ou então que fossem obrigadas a vender drogas ou objetos que as próprias autoridades roubavam.
Lembrou as crianças que viviam miseravelmente pedindo esmolas ou revirando depósitos de lixo.
E a voz do rei Jesulino começou a ficar trêmula. Seus olhos se encheram de lágrimas. Não pôde mais continuar e chorou.
Muitas crianças choraram com ele. Houve então um grande silêncio. Tão grande que se podia ouvir o canto triste das cigarras ao longe.
O silêncio era de luto pelas crianças e jovens mortos no tempo em que a justiça era só de palavras.
Soprou então um forte vento que levou embora todas aquela tristeza. Mais aliviado, o rei voltou a falar:
– Estamos aqui para começar uma nova vida.
E as crianças, uma a uma, primeiro as mais corajosas, subiam no palanque para gritar bem alto para todo mundo ouvir:
– Nunca mais os esquadrões da morte!
E todas as crianças repetiam em coro. O eco desse grito ia-se perdendo longe no espaço.
Outra criança que conhecia a palavra grito:
– Nunca mais os justiceiros – e explicou que os justiceiros eram pessoas que queriam fazer justiça com as próprias mãos, torturando e matando menores.
Aí as crianças perderam o medo e todas gritava:
– Nunca mais a violência!
– Nunca mais o tortura!
– Nunca mais a fome!
– Nunca mais a morte!
E assim as crianças reunidas com seu grito, expulsaram os fantasmas do mal.
Livres, com o coração limpo de toda maldade, todas cantaram o canto da paz.
E celebraram o início de uma vida nova com um grande abraço e uma festa que continuou para sempre.

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