Um Pouco de História

“Quando eu estava no colégio nos anos 60, música contemporânea com uma mensagem cristã simplesmente não existia. Ao contrário de hoje, naquela época não avia conexão entre nossa fé em Cristo, e a cultura daqueles dias”. John Styll

Esta era a necessidade de um tempo, em que milhares de jovens não via nada na igreja que pudesse coloca-los em Movimento, ou Fazer alguma coisa que com isso eles não fossem vistos como “Ets”.
Os jovens daquela época buscavam algo que só encontravam na Contra Cultura HIPPIE, “Paz & Amor”, era o lema no histórico verão de 1967 – o verão do amor – como ficou conhecido. Os HIPPIES eram embalados por músicas como “Getting Better” (Beatles), que revelavam todo o espírito daquele tempo. Esperanças, utopias e pessoas com roupas floridas invadiam as ruas de Los Angeles, São Francisco e outras cidades dos EUA, para celebrarem o “SEXO, DROGAS E ROCK´N´ROLL”.

A música “Cristã Contemporânea” ou “Gospel”, nasceu no meio de uma revolução espiritual que varreu os Estados Unidos no final da década de 60 e inicio da década de 70, levando milhares de jovens a Cristo, foi chamado inicialmente de “Movimento de Jesus”.
O movimento tinha por interesse evangelizar os jovens cansados com o estilo de vida libertino dos Hippies. Desiludidos com a idéia de mudar o mundo com sua contracultura, muitos jovens começaram a buscar no cristianismo, a solução para seus problemas e para a sociedade em que viviam.
Muitos desses jovens eram músicos, para os quais a música não era apenas uma forma de arte, mas um veículo para expressar suas idéias e conceitos. A música “Rock” era o maior veículo para transmitir os conceitos da contracultura hippie. Por esse motivo, aqueles novos convertidos começaram a utilizar a música “Rock” para transmitir seus novos conceitos de vida e valores Cristãos.
“Muito já foi escrito sobre a contracultura, e certamente não temos espaço aqui para uma analise mais profunda do movimento, mas o que muitos cristão não percebem é que, de fato, aqueles jovens estavam procurando Paz, Amor, Realidade e Vida. Eles estavam rejeitando o consumismo capitalista, a hipocrisia religiosa e a superficialidade da cultura americana. Não havia nada de errado nisso, obviamente, os meios que eles usaram para expressar sua busca, e a resposta que eles encontraram não foram necessariamente corretos.”…Sandro R. Baggio

Em fevereiro de 1971, a revista americana “Look”, trazia em sua capa a foto de um jovem Hippie sendo batizado nas águas do Oceano Pacífico. O Movimento de Jesus começava a chamar a atenção ao redor do mundo. (Dois dos três repórteres do “Look”, se converteram, de tão impressionados que ficaram com o movimento).
No meio do fenômeno de conversões de um lado, e, grande rejeição pelas igrejas mais “Tradicionais” do outro, Billy Graham publicou uma reportagem que colocou de uma vez por todas o “Gospel”, como um marco na história da igreja.

Billy Graham escreveu:
“Há armadilhas. Há temores. Há críticas.
Alguns acham ser muito superficial, e em alguns casos, é.
Alguns consideram muito emocionais, e, em alguns casos, é.
Alguns dizem estar fora dos limites da igreja estabelecida, e, em alguns casos, está.
Mas, mesmo na igreja primitiva, tais problemas são encontrados.
Procurei estudar este movimento, e sinto que há vários aspectos recomendáveis de valor.
Uma das coisas interessantes é que é ESPONTÂNEO”.

Depois da reportagem de Billy Graham igrejas começaram a mudar seus estilos de culto, o Pastor Chuck Smith (pastor da Capela do Calvário, uma das primeiras a mudar), disse a um diácono que queria impedir os Hippies de entrarem na igreja:
“Se por causa de nosso carpete macio vamos ter de fechar as portas para jovens descalços, então eu pessoalmente sou a favor de arrancar todo o carpete e deixar o piso só no concreto; Se, por causa do jeans sujos temos que dizer a um jovem: Lamento, você não pode entrar… seu jeans está sujo, então eu sou a favor de nos livrarmos dos assentos estofados. Vamos comprar bancos ou cadeiras de metal, ou algo que possa ser lavado. Mas que nunca, nunca, possamos fechar as portas para alguém por causa de suas vestes ou de sua aparência”.
Depois desta última barreira quebrada a Capela se transformou no padrão internacional, do movimento “Gospel” ou “Movimento de Jesus”. Centenas de jovens, muitos deles ainda hippies começaram a freqüentar os cultos naquela igreja, e posteriormente se convertendo.

No Brasil começou um “movimento” parecido com a revolução espiritual americana; Nos anos 50(antes até que nos EUA), começava um “Movimento”, para auxiliar as cruzadas evangelisticas por todo o país, tornando-as mais acessíveis à realidade Brasileira.
“No Brasil, a música evangélica era quase exclusivamente importada (Hinários), traduzida do inglês, mas por volta de 1950 houve uma explosão de corinhos em ritmo de marcha, usados nas campanhas de evangelização. Mais tarde, as igrejas pentecostais se tornaram responsáveis pela utilização de ritmos nordestinos, toadas, sertanejos e guarânias na música evangélica, e mais recentemente a onda do rock evangélico também alcançou o Brasil” Donald P. Hustad.

Mas somente nos anos 70 começava realmente surgir nomes, contemporâneos no Brasil, como:
Luiz de Carvalho, cujas apresentações tornaram-se verdadeiras cruzadas evangelisticas com Louvor e Pregação;
Jovens da Verdade, grupo que dizia fazer música para a “nova geração” e alcançavam milhares de jovens para Cristo com músicas como Viagem de Jesus;
Grupo S-8, cujo trabalho era trazer a “nova música” para dentro das igrejas evangélicas Brasileiras, e desfiando os padrões rígidos da época com seus trabalhos.

Já no início da década de 80 é que realmente ouve o “BUM” deste movimento começado em meados dos anos 50, Janires e o Rebanhão surgiram e causaram muita polêmica com suas músicas ritmadas e com letras ousadas, usando o Rock´R´Roll lançaram seu primeiro disco (Mais doce que o Mel, 1981), foi tão revolucionário que recebeu acusações de conter “Mensagens Invertidas”. Alheios a todas as críticas seguiram fazendo grandes eventos em que milhares de jovens aceitavam a Jesus.
Também deixaram marcas muito evidentes em grupos como: Mocidade para Cristo; Banda Azul; Grupo Logos; Banda e Voz; Kadoshi; Banda Gerd; Etc. E até em nosso tempo: Oficina G3; Resgate; Fruto Sagrado; Katsbarnéa e outros levam uma forte influência de seus trabalhos.
Movimentos como o acontecido nos EUA e no Brasil, começara, a ocorrer por todo o mundo.

Na bíblia lemos várias vezes sobre o “Novo Canto”, o novo que Deus traz para cada necessidade de nosso “Tempo”. Vivemos num tempo de globalização, tecnologia, dinheiro, ganância, etc….Não muito diferente do tempo de Jesus, Estevão, Hippies e o Rebanhão viveram, alias no tempo de Jesus os anciões (pastores da época) eram conhecidos como: “Homens de dura Cerviz e Incircuncisos de Coração”… Atos 07
Nós não podemos impedir aquilo que Deus esta fazendo em nossa geração, não podemos parar o “Movimento” que Deus Traz, para solucionar problemas que enfrentamos. Quer gostemos ou não faz parte da história de nossa igreja. Grandes movimentos como o de Martinho Lutero trazem grandes bênçãos, mas, também trazem grandes acusações.
Benjamin Keach, um pastor batista do século 17, é visto como o introdutor de músicas nas igrejas, ele começou a ensinar as crianças a cantarem o que gostavam. Os pais, por outro lado, não gostavam de cantar hinos, pois “canções” eram “estranhas à adoração evangélica”. Uma grande controvérsia se formou (igual à hoje). Em 1673 finalmente o Pr. Keach conseguiu convencer a congregação a cantar um único hino, mesmo assim só depois da Ceia, e os que se opunham poderiam sair da igreja enquanto o hino era executado. Levou mais de 15 anos antes que a igreja fosse convencida que músicas poderiam ser uma forma de Adoração ao Senhor. Mas 22 membros saíram para se juntarem a uma igreja “Não Cantante”.

É interessante quando começamos a estudar a história da igreja e vemos controvérsias em coisas que nós consideramos “SAGRADAS” ou ortodoxas. Muitas ferramentas que usamos hoje em nossas igrejas como: EBD e fazer apelos, foram considerados mundanas por muitos, e por outros, até mesmo diabólico.
“Nunca devemos desprezar os últimos 2000 anos de nossa história, nossos movimentos, nossa música, tudo aquilo que estamos acostumados a fazer a décadas; Mas, nunca devemos temer os próximos 2000 anos da igreja, e o novo canto que Deus tem revelado, de tal forma que nos fechemos em nossos conceitos”…Bob Fitts

Hoje o debate principal é sobre: Bateria; Teatro; Rock; Gospel; a Camisa do irmão; e coisas tão banais que chegamos a fazer programas de rádio ou televisão, só para debate-las. Rick Warren diz: “O debate sobre qual estilo de música deve ser usado na adoração vai ser um dos maiores pontos de conflito nas igrejas nos próximos anos. Toda igreja mais cedo ou mais tarde vai ter de enfrentar este assunto”.
A igreja do Pr. Rick Warren (Batista Saddleback) é conhecida como a “igreja do rock”, nos EUA, e uma igreja que teve um crescimento numérico fantástico nos últimos anos, sendo obra para estudiosos por todo o mundo.

“Você deve combinar sua música com o tipo de pessoas que Deus quer que você alcance”
Rick Warren

Este é a chave da questão, muitos de nós não temos a menor condição para trabalhar com determinados tipos de pessoas, mas, como nós conseguimos trabalhar com outros tipos, já determinamos que a resposta de Deus para nós (nosso Tempo), deve ser a mesma para TODOS. É mais cômodo colocar nossas idéias ou gosto pessoal como resposta divina, achamos que todo o mundo deve gostar, falar e ouvir o que nós gostamos ou o que nos faz sentirmos confortáveis.
O Pr. John Mackay, ex-presidente do seminário teológico Princeton, descreveu sua forma de ver a adoração dizendo: “Se durante um culto eu tiver que optar entre a ordem e o ardor, eu certamente vou escolher a ordem”.
Mas temos que dizer algumas coisas úteis para este debate: 96% dos jovens americanos escuta rock ou derivados, 90% da população americana prefere as músicas escritas depois de 1965. Elvis é um clássico, é o que diz a grande maioria das pessoas (no Brasil com certeza não é diferente).
Como queremos trazer pessoas para ouvir as “BOAS NOVAS”, se nós estamos presos àquilo que nossos avós (ou até mesmo nossos tataravôs) ouviam e falavam. O Pr. Warren diz que um dos fatores do crescimento fantástico de sua igreja deve-se a forma como preparava seus sermões, “Este sermão faz sentido para uma pessoa que não conhece a Deus e as Boas Novas?”, se perguntava todas as vezes que terminava de escreve-los.
Então entendemos que uma variedade de pessoas, ministérios, movimentos, são necessários para alcançar uma variedade de realidades, realidade que muda a cada dia. O movimento que Deus começa conosco, necessariamente não tem que terminar no “nosso tempo”, e nem da nossa forma de agir. Vemos “movimentos” se levantando por toda a história da igreja, muitas vezes como diz Billy Graham, com muitos problemas, mas também com muitas qualidades. Então cabe a nós receber aquilo que Deus tem para o “nosso tempo”.
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; a outro a operação de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas. Mas um só e o mesmo Espírito operam todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer. Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo”…(1Corintios 12:4 a 12)

O processo de restauração e reforma de uma mentalidade é lento e gradual, de acordo com o tempo de Deus. No livro de Números 21:08,09 o Senhor mandou Moisés fazer uma serpente abrasadora, e a palavra de Deus declarou que esta serpente se tornaria um “SIMBOLO” e um instrumento de cura assim que as pessoas somente olhassem para ela.
“Então disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente de bronze, e põe-na sobre uma haste; e será que todo mordido que olhar para ela viverá” Num 21: 8,9.
Mas, em um outro “tempo”, Deus pediu para um rei temente a Ele, para que destruísse aquilo que em um movimento trouxe cura e era um símbolo para todos. Aquilo tinha concluído o seu propósito no “tempo de Moisés”, e aquilo tinha se tornado não um símbolo de cura, mas um símbolo de adoração. Assim eles adoravam mais o objeto do que aquele que deu o objeto.
“Tirou os altos, quebrou as colunas, e deitou abaixo a Asera; E DESPEDAÇOU A SERPENTE DE BRONZE QUE MOISÉS FIZERA, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e chamou-lhe Neüstã” 2Reis 18:04

João Batista viveu no meio de uma destas mudanças de movimento, bem no meio do Velho Testamento e o nascimento do novo, ele abraçou ambos os mundos com valor e acabou se tornando uma ponte entre dois movimentos. Ele fez a transição da “velha” ordem para a “nova”, por dar crédito a nova.
Não defendo que a igreja deva simplesmente aceitar tudo que for novo com a justificativa de ser “moderno”, mas sim, que devemos aceitar o novo que Deus traz a igreja, afinal é o mesmo Deus que nos diz em 1João 04:01… “Amados, não creiais a todo espírito, mas PROVAI se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo”. Portanto, devemos “provar os espíritos”, e os movimentos pensando na possibilidade destes serem de Deus.

Uma das coisas de gosto no que Billy Graham diz sobre o movimento que surgiu nos EUA, é que antes de anunciar sua posição a respeito, ele procurou estudar-lo. Podemos dizer que ele o Provou, vendo seu lado ruim e o lado bom.
“Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?” (Lucas 12:56)

jesuino23@terra.com.br

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