Uma conversa Franca

Li certa vez o testemunho de um homem que dizia: “EU VI JESUS”.

Não há razão para duvidar do testemunho dele. Ele provou por anos que era digno de confiança, comunhão e serviço. Mas, quando alguém afirma ter tido visões, isso pode compreensivelmente nos tornar cautelosos. E quanto a ele dizer que viu Jesus, suponho que todos confessaríamos ter pelo menos uma dose momentânea de ceticismo. Ou será que sou só eu?
Bem, ele contou o seguinte:

Uma forte perseguição se abateu em nossa área e, como resultado de minha posição, fui enviado a uma colônia penal numa ilha – este exílio não ficava a mais de 160 Km de minha casa. Fiquei lá algumas semanas, sem sentir nada extraordinário além da solidão, e o sentimento de depressão sempre à espreita de qualquer prisioneiro.
Naquele dia particular, os guardas nos tinham permitido um período de alivio temporário de nossa rotina de trabalho e eu havia seguido sozinho para um local afastado. Sentei-me numa pedra grande, olhando para o mar, do lado oeste – as rochas que me cercavam havia criado uma formação pequena, como uma capela, por trás de mim.
Eu absolutamente não esperava nem me achava preparado para o que aconteceu, pois de repente ouvi uma voz. Era tão alta que fiquei literalmente abalado; totalmente removido de qualquer coisa próxima de um devaneio – sei que não me achava, portanto, em nenhum tipo de transe. A voz praticamente gritou:
“Não há nada que Me preceda, nem nada além de mim! Sempre existi e continuarei existindo quando não mais houver tempo. Estou aqui para remover o seu medo do futuro, pois Eu também passei pelos sofrimentos da morte e os horrores do inferno, e estou aqui para dizer-lhe – Tudo acabará bem!”.
Fiquei atônico e, mesmo enquanto Ele falava, comecei a me virar. O que vi é indescritível, pois embora soubesse que era Jesus, não poderia ter imaginado, nem posso narrar adequadamente a maravilhosa e transcendente beleza da Sua aparência. Só uma palavra pode começar a descrevê-la: Majestosa!
Todo o Seu ser parecia iluminado – talvez fogo seja a melhor expressão que eu possa usar. Um traje real, parecendo tecido de fino ouro, descia até Seus pés; pés que não posso esquecer, pois embora estivesse descalços, tinha um brilho sobrenatural. Fiquei surpreso por Seu cabelo ser branco; não era grisalho, como se embaçado pela idade – tinha um brilho, um prateado de glória. Seus olhos eram inesquecíveis. Pareciam brasas ardentes, não de uma forma sinistra, mas emanando calor, poder e uma pureza de visão tão penetrante que perscrutava o meu ser enquanto Ele falava…

A partir deste ponto, o homem continuou seu relato do que Cristo lhe disse, mas no que se refere aos elementos da sua visão, foi isso que ele afirma ter visto.
E agora, tendo transcrito o seu testemunho, fico pensando como você se sente sobre ele? Pode aceita-lo?

Sei que podemos ficar durante horas discutindo a veracidade de testemunhos como este, podemos analisar cada pequeno aspecto e dar um veredicto. Queremos normalmente conversar com as pessoas que afirmam ter tido estas visões, para poder fazer uma observação mais contundente.

Mas, neste caso em especial, penso que você já tomou sua decisão. Suponho que já creia, pois o relato acima foi na verdade lido por você em outros termos. Ele foi escrito há mais ou menos 1900 anos e a versão mais conhecida tem a seguinte leitura:

“Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia. E voltei-me para ver quem falava comigo. E, ao voltar-me, vi sete candeeiros de ouro, e no meio dos candeeiros um semelhante a filho de homem, vestido de uma roupa talar, e cingido à altura do peito com um cinto de ouro; e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve; e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente que fora refinado numa fornalha; e a sua voz como a voz de muitas águas. Tinha ele na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; e o seu rosto “Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia. E voltei-me para ver quem falava comigo. E, ao voltar-me, vi sete candeeiros de ouro, e no meio dos candeeiros um semelhante a filho de homem, vestido de uma roupa talar, e cingido à altura do peito com um cinto de ouro; e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve; e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente que fora refinado numa fornalha; e a sua voz como a voz de muitas águas. Tinha ele na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; e o seu rosto era como o sol, quando resplandece na sua força.
Quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último. Eu sou o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre! e tenho as chaves da morte e do inferno. Escreve, pois, as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de suceder” Apocalipse 1: 9 a 19.

Existe uma razão para tê-lo levado a uma visão contemporânea do texto de João. Fiz porque creio que seja necessário aos nossos ministérios de Louvor & Adoração uma visão atual dos eventos que Deus Fez no passado, para podermos analisar o que faz hoje, apesar de nosso ceticismo. Devemos ser lembrados de que Jesus costumava aparecer às pessoas e incentiva-las com “novas visões”.
“Julgo que todos precisamos de uma visão do século 21 de Jesus Cristo – pelo menos em termos de ouvir Seu chamado para uma nova era de conquista, desvendada por um novo encontro com Ele na adoração” Jack Hayford.

Você pode crer nisto? Ou suas tradições impedem a expectativa de sofrermos um impacto como aconteceu com João? Você fica perturbado com a idéia, como acontece comigo, de poder ler a respeito do encontro pessoal de João e continuar intacto diante de suas implicações?
São 3:20 h da madrugada do dia 2/05/2001, li este texto no livro de Jack Hayford (Adorai Sua Majestade) a mais de nove meses, e até hoje a forma maravilhosa com que este homem de Deus colocou estas verdades em seu livro, me inspira e me traz um enorme conflito interior. Pois a “visão” que João teve de Cristo foi algo sem precedentes na história; será que estamos prontos para uma visitação de Cristo sem precedentes na história da igreja? Será que nossos ministérios musicais estão prontos para esta intervenção? Nossos líderes Musicais aceitariam este tipo de visitação? Será que eu estou pronto? Esta é uma pergunta que sempre me acompanha.
Existiu um homem que buscou uma visitação de Deus, e quando ela veio, veio de uma forma contrária aos conceitos básicos da religião de sua época. Seu nome era: Zacarias.
“Houve nos dias do Rei Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias… Ora, estando ele a EXERCER AS FUNÇÕES SACERDOTAIS PERANTE DEUS… Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, ficou perturbado, e o temor o assaltou. Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; PORQUE A TUA ORAÇÃO FOI OUVIDA… Disse então Zacarias ao anjo: COMO TEREI CERTEZA DISSO? POIS EU SOU VELHO, e minha mulher também está avançada em idade. Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas boas novas; e EIS QUE FICARÁS MUDO, e não poderás falar até o dia em que estas coisas aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que HÁ SEU TEMPO HÃO DE CUMPRIR-SE” Lucas 1: 5-20 (ênfase e paráfrase minha).

Aqui temos um quadro muito interessante desta busca que muitas vezes temos em nossos ministérios. Zacarias teve aqui uma visão, era a tão sonhada resposta das orações de anos e anos, finalmente acabou a espera, a resposta veio. Mas, aconteceu algo diferente.
Um Anjo? Mas espera ai, Anjos existem?
Acho que isto é uma alucinação, afinal a ciência explica tudo, não é?
Isabel na verdade deve ter ficado grávida por outros meios, certo?
Não, um Anjo não aparece a um homem, não é verdade?
Não existe este negócio de visão, é pura ilusão óptica. Deve ser o acúmulo de adrenalina que está me fazendo ter algumas alucinações.

Esta é infelizmente algumas das ações que temos quando vimos ou ouvimos algo de Deus, que conflita com nossos conceitos pré-fabricados.

Zacarias era o sumo sacerdote de uma religião que há, mais ou menos, 500 anos não via um grande profeta, ou uma grande reunião de adoradores, vivia-se em 500 anos de trevas.
A religião judaica sempre foi à espinha dorsal da nação, e ela se achava seriamente corrompida e prejudicada pelos conflitos entre as duas principais correntes de interpretação da lei: os Fariseus, os fundamentalistas da época; e os Saduceus, os liberais.
“Não devemos criticar Zacarias por haver questionado o anjo Gabriel. Fazia tanto tempo que não ocorria uma intervenção divina durante o ofício religioso que ninguém mais esperava que tal acontecesse. Além disso, pouca gente cria nessa possibilidade. A essa altura, os saduceus já negavam abertamente a existência de anjos. SEMPRE QUE UMA OPERAÇÃO DE DEUS CONTRARIA NOSSOS CONCEITOS BÁSICOS, NOSSA FÉ É SUBMETIDA A DURAS PROVAS. Felizmente Deus não dependia da fé de Zacarias” Judson Cornwall (ênfase minha).

Talvez os judeus orassem pela vinda do Messias, mais por desespero do que por fé. Pois não era fácil suportar o jugo romano, e ainda mais viver sob o controle rígido dos líderes religiosos da época, líderes que só se preocupavam com rituais e símbolos, preocupavam-se mais em acusar do que ensinar (parecido com alguns líderes musicais de nosso tempo).
“Sem a presença divina, qualquer religião é sempre um fardo e um incômodo”.
Judson Cornwall.

Muitas vezes nos deixamos levar pela situação existente, dentro: da igreja, de casa, do grupo de música, etc. Tiramos os olhos das coisas que Deus nos prometeu, sabemos o que Ele fez por nós, sabemos que pode fazer de novo, mas nos esquecemos que “Deus usou pessoas reais, para que fossem pais de Seu filho, e mandou anjos para alerta-los quanto aos perigos e informar o que estava por vir. Através dessas visitas pessoais, Deus os guiava e protegia. Deus não apenas cumpriu a profecia, mas permitiu que outros participassem de seu plano soberano” Don Cousins & Judson Poling.
Amo esta oportunidade que Deus nos dá, Ele podia cumprir Seus planos de uma forma arbitrária, afinal é o Rei do Universo, com um simples estalo de dedos, podia exigir que façamos o que Ele quer, mas Ele preferiu compartilhar Seus planos conosco, pessoas cheias de falhas e defeitos, esta realmente é a maior prova de amor que existe. Ele fez pessoas e nos respeita como tal, Ele não quer robôs, ou atitudes “robotizadas”. Ele tem prazer em colocar nas nossas mãos Seus planos, e muitas vezes, infelizmente fracassamos.

Quantas vezes fracassei com Sua vontade, quantas vezes fiz coisas de que me envergonho, pois não tive forças para suportar, ou simplesmente não me apercebi do erro, de tão acostumado que estava de vê-lo e faze-lo.
Será que amamos Ele a ponto de cumprir com nossas responsabilidades?
Será que amamos Ele a ponto de colocarmos em Suas mãos nossos planos e sonhos?
Será que amamos Ele a ponto de aceitarmos a resposta Dele de coração aberto?
Ou vamos novamente questionar?

Lembro-me de Pedro, o homem nervoso, questionador, cheio de falha e falsa humildade (parece que estou me descrevendo), fico maravilhado com que Ron Mehl me ensinou:
Em 1 Pedro 4:7 diz: Sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações.
Será que Pedro se lembrou da vez em que adormeceu no jardim?

Em 1 Pedro 3:8-9 diz: Sede… compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança.
Será que se lembrou da lamentável cirurgia na orelha direita de Malco?

Em 1Pedro 3:15 diz: Estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.
Estaria relembrando a pergunta direta de uma jovem criada numa fria madrugada, junto à fogueira?

Em 1 Pedro 1:15 diz: (Somos) guardados pelo poder de Deus, mediante a fé.
Estaria pensando numa noite escura, em meio a um mar tempestuoso, quando se sentiu afundar e, impotente para salvar a si mesmo, proclamou seu medo e desespero ao Senhor Jesus? Quem sabe se lembrou da forte mão do Carpinteiro que o tirou do mar e o guiou através da tempestade?

“Pedro aprendeu através de seus erros, que a dependência drástica e radical de Cristo era sua única esperança de sucesso” Ron Mehl.
Ainda estou aprendendo com meus erros, infelizmente ainda cometo vários, mas estou lutando contra este homem naturalmente irreal, que fui durante anos da minha ainda pequena vida. Descobri que para encarar estes erros e assumi-los é necessário uma qualidade que descobri não possuir: Coragem.

“Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” 2Tm 1:7.
Bill Hybels diz: “Há quem diga que o cristianismo é para pessoas fracas, covardes e bobas. Essa afirmação sempre me intrigou, uma vez que na minha experiência ocorre exatamente o oposto. É necessária grande dose da coragem, à moda antiga, para ser Cristão. Minha fé exige o melhor de mim. Só para se tornar um Cristão, já é necessário exercitar muita coragem”.

Pena que este livro demorou muito para chegar as minhas mãos, na minha visão humana lógico, por que aprendi com Bill, que aquela dor de barriga que tinha toda vez que tinha de chegar a minha esposa para conversar (ou confessar) alguma besteira que tinha cometido, era total falta de coragem.
Eu fui um total covarde durante anos de minha vida, o pior é que eu era aquele tipo de covarde que tinha uma pose de corajoso, espiritual, etc. Eu realmente era uma vergonha para mim, para minha família e para o reino.
Sempre tinha coragem para fazer planos, mas nunca tinha para cumpri-los;
Sempre tive coragem para acusar erros dos outros, mas nunca tive coragem de expor os meus erros;
Sempre tive coragem para exigir das pessoas que considerava subordinadas a mim, mas nunca tinha coragem para andar com elas e auxilia-las com seus problemas.
Sempre tive coragem para fazer promessas, mas: “Respondeu Jesus: …Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo até que me tenhas negado três vezes” João 13:38. Algumas pessoas infelizmente aprendem da forma mais difícil, Pedro, Jorge Luis Jesuino, etc. “Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo cantou” João 18:27.

Jesus com seu grande amor avisou a Pedro, que não quis ouvir o Mestre.
Pessoas como eu, raramente ouvem alguém (estou lutando para mudar), acham que são auto-suficientes, que não precisam de orientação, afinal são “líderes Natos”.
Quantas vezes já ouvi: Não cantará o galo até que me tenhas negado; Esta é uma das formas que Deus faz para que estes tipos de pessoas vejam suas fraquezas, e possam criar coragem para enfrenta-las.

Precisamos em nossos ministérios musicais uma visão correta de qual é nosso objetivo.
“O objetivo não é buscar sensações, êxtase ou escapismo. É CONFRONTO; um abalo direto, um terremoto, que faça vibrar nossos sentidos e sensibilidades, mediante um encontro novo e real com o Rei – Sua majestade, Jesus – Senhor da igreja” Jack Hayford.

Não sei quanto a você, mas eu quero ter um encontro com Deus todos os dias. E estou buscando algo novo para minha vida.
Quero convidar-lo para que se junte a mim, neste “novo” mover que nasce em nossas igrejas, convidar para fazer parte de uma geração de adoradores, uma geração de “salmistas” integrados com a igreja e com o compromisso de fazer discípulos por todo o mundo, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

“A adoração livre de seu freio, sua previsibilidade, sua formabilidade paralisante e seus pressupostos de propriedade que se transformam em grilhões. Esta é a maneira real e duradoura de encontra-lo e ser encontrado por Ele” Jack Hayford. (paráfrase minha)

Que possamos ser esta nova geração.
jesuino23@terra.com.br

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