Os caminhos mais curtos geralmente se tornam os mais longos e a pressa é inimiga da perfeição. A gente sabe disto mas só aprende apanhando. Num dia destes o caminho para uma pescaria que levaria 15 minutos transformou-se em duas horas. A pressa de três pescadores afoitos em chegar no açude motivou o cruzamento por um atalho barrento em vez de seguir-se pela estrada usual. Apesar do trator salvar a pescaria e as brincadeiras dissiparem a frustração, a lição foi levada a sério.
Neste período litúrgico da igreja chamado Epifania os cristãos são lembrados que esta lição vem de cima. Em vez de seguir um trajeto mais curto até os seres humanos, Deus se revelou pelo caminho longo mas seguro. Um caminho que a Bíblia chama de tempo certo. “Quando chegou o tempo certo, Deus enviou o seu próprio Filho” (Gálatas 4.4); “Deus que não mente … no tempo certo nos revelou essa vida na sua mensagem” (Tito 1.3). A epifania ou revelação deste plano divino poderia ter chegado logo no início dos tempos aos primeiros pecadores. Mas só veio após vários séculos. E mesmo com a Palavra já tornado-se um ser humano e morando entre as pessoas (João 1.14), poderia imediatamente mostrar para que veio. Mas somente trinta anos depois as cortinas foram abertas e Deus apresentou publicamente o grande espetáculo da salvação, quando “no momento em que saía da água, Jesus viu o céu se abrir e o Espírito de Deus descer como pomba sobre ele. E do céu veio uma voz que disse: Tu és meu Filho querido e me dás muita alegria” (Marcos 1.10,11).
O caminho da salvação eterna traçado e planejado pelo Criador, além de seguir no tempo determinado, continua sem a permissão de atalhos. E por um só e simples motivo, conforme diz Jesus: “Eu sou o caminho … somente por meio de mim é possível chegar ao Pai” (João 14.6). Insistir em desvios é perder-se por caminhos da morte (Provérbios 16.25). Se levassem a Deus – ou como dizem: “o importante é ter fé, a religião não interessa”, então Jesus nunca teria insistido: “vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa-Notícia do Evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Marcos 16.15,16). Se outros meios salvassem, Deus jamais teria enviado seu único e amado Filho para sofrer tudo o que sofreu.
Epifania, por isto, é o grande e visível sinal de trânsito apontando para Jesus e dizendo “via única”. Epifania é a prova de que os que se perdem ou ficam atolados, não têm desculpas. Pois alerta o apóstolo: “a fé vem pelo ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo … Mas eu pergunto: será que não ouviram a mensagem? Claro que sim. Como dizem a Escrituras: a voz deles se espalhou pelo mundo inteiro, as suas palavras alcançaram a terra toda” (Romanos 10.17,18).
Até o período da Quaresma serão oito Domingos denominados “após Epifania” em que, conforme a tradição litúrgica cristã, os textos bíblicos nos cultos seguem o tema específico sobre a missão dos cristãos em testemunhar. Um tempo portanto oportuno para refletir nesta responsabilidade cristã. E quando muitos viajam de férias e são alertados a obedecer as leis de trânsito, propício em lembrar que o caminho das férias com Deus é Jesus e as leis de trânsito estão bem sinalizadas – é só obedecer. E para surpresa de muitos dizer que é uma estrada sem pedágios e totalmente segura.
Pastor Marcos Schmidt
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Autor: Pr. Marcos Schmidt – marsch@terra.com.br